GUERRA DOS SEXOS

Tempestades escrevem percalços inóspitos
nas asas quentes de uma panela de revoltas cruas.

Aluviões espreitam nas canções das lágrimas.

Nevões caem através dos olhos descascados
por infame voz de murmúrios arruaceiros
em tons sépia.

Raivas somam noites
subtraídas ao destino de rotundas
por onde vai fugidia a carne alheia
ao silêncio que o amor cala.

Mentiras apoiadas em bengalas de fogo
descosem cicatrizes na ópera do escuro
onde as mãos coçam vultos de pé atrás.

Tristezas tecidas de ervas daninhas,
crescem insensatas num xaile de fado
que envolve de inverno pitoresco
o recôndito da alma.

Caminhos de adeus
inquietam a cor desfeita
que enfeita o fim do sentir distâncias
entre nós e nós próprios.

Leis infiéis trepam insólitas o olhar,
multiplicado de dor que divide o poema
por aldeias sem eira por onde a claustrofobia
da inspiração malha o tempo.

Gritos bailam em ruas amargas
ao som de violinos escorraçados
da vista da lua num eclipse sufocado.

Mortes protestam façanhas estranhas
nas marés pelintras onde orlas se acercam
de entranhas com ventos desnorteados.

Sombras sugam palavras hirtas
na guerra dos sexos em rito impugnado
por aquiescências moribundas
nos corpos desunidos.

Por despir.
 

Submited by

Saturday, January 15, 2011 - 22:17

Poesia :

No votes yet

Henrique

Henrique's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 10 years 18 weeks ago
Joined: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Comments

Susan's picture

Um poema ímpar ... Quando

Um poema ímpar ...

Quando os corpos se estranham ,causam

esse estrago todo ...

Muito bem feito ,parabéns!!!!

Beijos

Susan

Nanda's picture

Mestria

Henrique,

Claustrofobia é coisa que não sinto ao deixar-me enredar dentro da tua excelente poesia.

Beijo

Nanda

Add comment

Login to post comments

other contents of Henrique

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Thoughts DA POESIA 1 12.765 05/26/2020 - 23:50 Portuguese
Videos/Others Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 55.652 06/11/2019 - 09:39 Portuguese
Poesia/Sadness TEUS OLHOS SÃO NADA 1 10.801 03/06/2018 - 21:51 Portuguese
Poesia/Thoughts ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 13.099 02/28/2018 - 17:42 Portuguese
Poesia/Thoughts APALPOS INTERMITENTES 0 11.304 02/10/2015 - 22:50 Portuguese
Poesia/Aphorism AQUILO QUE O JUÍZO É 0 13.413 02/03/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Thoughts ISENTO DE AMAR 0 10.316 02/02/2015 - 21:08 Portuguese
Poesia/Love LUME MAIS DO QUE ACESO 0 12.674 02/01/2015 - 22:51 Portuguese
Poesia/Thoughts PELO TEMPO 0 9.663 01/31/2015 - 21:34 Portuguese
Poesia/Thoughts DO AMOR 0 10.914 01/30/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SENTIMENTO 0 9.746 01/29/2015 - 22:55 Portuguese
Poesia/Thoughts DO PENSAMENTO 0 14.912 01/29/2015 - 19:53 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SONHO 0 10.281 01/29/2015 - 01:04 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SILÊNCIO 0 9.766 01/29/2015 - 00:36 Portuguese
Poesia/Thoughts DA CALMA 0 12.131 01/28/2015 - 21:27 Portuguese
Poesia/Thoughts REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 7.704 01/27/2015 - 22:48 Portuguese
Poesia/Thoughts MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 12.422 01/27/2015 - 16:59 Portuguese
Poesia/Aphorism NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 11.030 01/26/2015 - 20:44 Portuguese
Poesia/Thoughts SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 10.586 01/25/2015 - 22:36 Portuguese
Poesia/Thoughts MIGALHAS DE SAUDADE 0 10.825 01/22/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Thoughts ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 8.771 01/21/2015 - 18:00 Portuguese
Poesia/Thoughts PALAVRAS À LUPA 0 8.086 01/20/2015 - 19:38 Portuguese
Poesia/Thoughts MADRESSILVA 0 7.613 01/19/2015 - 21:07 Portuguese
Poesia/Thoughts NA SOLIDÃO 0 11.251 01/17/2015 - 23:32 Portuguese
Poesia/Thoughts LÁPIS DE SER 0 11.484 01/16/2015 - 20:47 Portuguese