Debaixo da arvore

Moribunda propositadamente
Debruçada no chão macio
Virada para os Deuses permanente
Ouço tanto, há paz perto do rio

O sol não deixa ver
Quem por ali passa
Iluminando o meu ser
Da sombra embaraça

Debaixo daquele adamastor
Velho carrancudo de raízes
Profundas e pouco assustador
Rugoso cheio de cicatrizes

Dos aventureiros exploradores
Em busca dos seus tesouros
Encontra-se cheio de flores
Animais, bichos e besouros

Sou mais uma aproveitadora
Da sua inércia involuntária
Debaixo dessas asas é voadora
Quando o vento á contraria

Nas sombras desleixadas
Que o sol deixa atingir
Cegando-me as vistas fechadas
Impedindo-me de fugir

De sentidos abertos
Ouço os pássaros, o rio
Inalo os cheiros erectos
Sinto a brisa e o calafrio

O conjugar dos sentimentos
Da sensação de liberdade
Fotografar os momentos
Para não esquecer essa realidade

Pássaros entoando os seus cânticos
Em bailados esbeltos sobre os ares
Joaninhas subindo nos céus como náuticos
E ninfas eclodindo para estes mares

Ouço a erva bailar
Com os cabelos enfeitados
As árvores querem brotar
Os frutos ensaiados

Ouço as águas correntes
Ainda fortes gritando
Como mãos com correntes
Saltando agitando

Ouço as abelhas trabalhando
Criando o seu doce mel
Há um zumbido entoando
E um cheirinho a farnel

Cheiro as flores silvestres
Floridas na passerelle desfilar
E as abelhas campestres
Não param de as admirar

Sinto a erva por debaixo de mim
E deitada ao descampado
Passa as horas e eu assim
Imóvel atenta olhando

Os mais pequeninos seres
Olhando com olhos de ver
Vê tudo antes de morreres
É a única oportunidade para viver

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Monday, January 17, 2011 - 21:17

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