À MERCÊ DAS PERDAS VIRGENS POR SAUDADE

Cavo sepulturas
ao cadáver do passado
nesta mímica multidão de palavras.

Dói tanto
o ruído de flores caídas
sobre a face dos vultos no meu rasto.

Esconjuro-me pedra de ângulos mortos.

Arranco alma fora
olhando de voz baixinha
a muralha de atalhos nos andaimes do relógio.

Ferventes
restos de tempo moribundo.

Desvairo-me pela abóbada dos sonhos.

Serão serões as trevas
à mercê das perdas virgens por saudade.

Ergo da luz retratos de infinito.

Amparo aos braços
compassos refilados às costas.

Rogo raivas
de corpo assentado
nos umbrais da utopia.

Entro pela garganta pálida do luar.

Enchumaço
de inferno as estrelas,
entesouradas nas pálpebras
moribundas do jejum do desejo.

Atónico abrenúncio.

Desabo excomungado
no semblante do silêncio que me liberta.

Diabo.

Grito-me incerteza
que tosquia as tábuas do caixão
onde guardo o sofrimento encoberto de escadas.
 

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Wednesday, January 19, 2011 - 00:29

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