Passaporte *

Seu segredo é fraco, é tolo.
Seu remédio é puro engano.
O seu amigo,
o seu retrato,
o seu extrato é puro falso.

O mundo não acabou.
Nem mulher
nem a cidade
nem a livraria
nem a bebida.

Mas, seu mundo mudou.
Foi o circo
foi o contrato
foi o remendo que cedeu.

Seu uísque é falso.
Seu protesto é puro ócio.
O seu amor
o seu motor
o seu sorrir é puro ensaio.

Vai ficar ou partir?
Não pense em Minas
não pense em Maria
não pense em fugir.

Fique aqui
ou vá para Brasília,
capital dos ratos
e dos anjos emudecidos.
 

* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo.

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Tuesday, February 22, 2011 - 16:39

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