NASCER, PARA TI, POEMA
Se eu pudesse, nasceria de novo
E se pudesse escolher o lugar
Escolheria o fundo do teu rio
E se pudesse escolher o momento
Escolheria aquele
em que estivesses no rio submerso,
mergulhado
pois o teu rio é o teu lugar mais sagrado
pois o teu rio é o teu universo
E assim de ti colheria o teu riso
ainda que em ecos, no fundo do rio, dispersos…
Se eu pudesse, escreveria de novo a nossa história
E para que ficasse gravada para todo sempre
Na memória
Partilhada com todo o mundo
Com todas as gentes
da tua aldeia
Se eu pudesse
Eu nasceria de novo, como se fosse a primeira
E no momento
Do meu nascimento
Agarraria num seixo de xisto
E escreveria
primeiro na areia
E depois passaria a limpo a nossa história em verso,
num rochedo.
Se eu pudesse nasceria poema e não teria medo
Pois certamente, por ti, em forma de poema, seria amada
Sim, se eu pudesse preferia ser um dos meus poemas
Pois sei que o que mais
em mim gostas e admiras
são os meus versos
Aquilo que escrevo
Sei eu o quanto amas
O quanto adoras
Por isso, se pudesse pedir
um desejo
Iria pedir escrever
minha história a rimar
E converter-me
noutra coisa qualquer
Nasceria de novo
e não nasceria mulher
E em forma de poema
Talvez conseguisse
roubar-te um beijo
Se eu pudesse,
seria a sereia de um rio
Na verdade, não sei
se no fundo do rio
se encontram sereias
Mas no imaginário
Do mundo literário
Tudo é possível
Por isso gostaria de vestir
outro papel
E nascer de um conto
Uma outra
personagem qualquer
No fundo do teu rio
Dentro de uma gruta
de secretos mistérios
Pois sei que o fundo do teu rio
É o teu lugar de eleição
E sei que
não me negarias a tua mão
Para me salvares
da bravura, da raiva,
da corrente do Paiva
e ao invés
me afundar no teu riso
Se eu pudesse escolher,
Ser uma simples pedra
a habitar o fundo do teu rio
Escolheria pedrinha nascer
Só para que
quando mergulhasses
Em mim pegasses
E me fizesses emergir contigo
Acolhida em teu regaço
Se eu pudesse
Nasceria de novo
Sob a forma de poesia, de sereia
ou até mesmo de pedrinha
e nasceria
em rima, em harmonia,
em verso
pelas mãos
e num conto
ou num poema de Sophia
Será utopia?!
Não. Talvez não
Pois nos nossos
sonhos de infância
Tudo é permitido
E depois
Se feio sapo com um beijo
virou príncipe
Se eu fosse pedrinha
Iria pedir um simples desejo
Desejaria pedir
à minha fada madrinha
Que com sua varinha de condão
Mudasse o curso do teu rio
e do meu fado
Resgatasse para mim
teu coração
Me devolvesse
ao fundo do teu rio
E que teu beijo
me corasse de surpresa
E me coroasse na areia
Com teu desejo
Tua amada
Tua princesa
Tua sereia
Se eu pudesse nascer de novo
Nasceria sob a forma de um poema
Só teu
Magda Graça (2009/04/12)
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Comments
muito bonito, gostei muito
muito bonito, gostei muito
Na galeria dos teus sempre
Na galeria dos teus sempre muito bons poemas, este é dos melhores. Parabéns.
Beijo