Soneto a Vermeer - pintor holandês (Alberto da Costa e Silva)

De luto, a minha avó costura à máquina,

e gira um cata-vento em plena sala.

Vejo seu rosto, sombra que a janela

corrompe contra um pátio amarelado

 

de sol e de mosaicos. Sobre a mesa,

a tesoura, um esquadro, alguns retalhos

e a imóvel solidão. A minha avó,

com os seus olhos azuis, o tempo acalma.

 

A minha avó é jovem, mansa e apenas

a limpidez de tudo. Sonho vê-la

no seu vestido negro, a gola branca

contra o corpo de cão, negro, da máquina:

 

a roda, de perfil, parece imóvel

e a vida não se exila na beleza.

 

Alberto da Costa e Silva, poeta.

 

 

Submited by

Tuesday, May 17, 2011 - 21:09

Poesia :

No votes yet

AjAraujo

AjAraujo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 6 years 31 weeks ago
Joined: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Add comment

Login to post comments

other contents of AjAraujo

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Dedicated Auto de Natal 2 2.481 12/16/2009 - 02:43 Portuguese
Poesia/Meditation Natal: A paz do Menino Deus! 2 4.057 12/13/2009 - 11:32 Portuguese
Poesia/Aphorism Uma crônica de Natal 3 3.304 11/26/2009 - 03:00 Portuguese
Poesia/Dedicated Natal: uma prece 1 2.495 11/24/2009 - 11:28 Portuguese
Poesia/Dedicated Arcas de Natal 3 4.148 11/20/2009 - 03:02 Portuguese
Poesia/Meditation Queria apenas falar de um Natal... 3 4.745 11/15/2009 - 20:54 Portuguese