Soneto ao Adormecido (Augusto Frederico Schmidt

Como não te sorrir, ó adormecido,
E como não chorar sobre nós mesmos!
Como não se alegrar ao contemplar-te,
E não entristecer em nós pensando?

Como não perceber que a vida impura
Se conservou de ti distante e ausente
E em nós vingou seus ásperos desejos,
Seus caprichos terríveis e suas mágoas?

Como não te sorrir, morto e inocente
Cansado de brincar, se está liberto
Do destino de ter nosso destino?

Como não alegrar com a tua sorte,
Se nunca hás de chorar sobre ti mesmo,
Sobre a tua inocência e os teus brinquedos?

Augusto Frederico Schmidt (1906-1965), In: Mar Desconhecido.

Submited by

Tuesday, May 17, 2011 - 22:22

Poesia :

No votes yet

AjAraujo

AjAraujo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 6 years 6 weeks ago
Joined: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Add comment

Login to post comments

other contents of AjAraujo

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Dedicated Auto de Natal 2 1.879 12/16/2009 - 03:43 Portuguese
Poesia/Meditation Natal: A paz do Menino Deus! 2 2.697 12/13/2009 - 12:32 Portuguese
Poesia/Aphorism Uma crônica de Natal 3 2.517 11/26/2009 - 04:00 Portuguese
Poesia/Dedicated Natal: uma prece 1 2.324 11/24/2009 - 12:28 Portuguese
Poesia/Dedicated Arcas de Natal 3 2.717 11/20/2009 - 04:02 Portuguese
Poesia/Meditation Queria apenas falar de um Natal... 3 2.816 11/15/2009 - 21:54 Portuguese