Lira da Vida II - "Vida que despedaça"


Na mordaça
(silêncio desses tempos, que tempos, que raça)

Cala o pobre na favela,
(como o negro na senzala)

Grita e marcha a gente que vive no asfalto
(como os senhores da casa grande, agora prédios, basalto)

Mas para que serve a vidraça
(daqueles tempos de janela, de seresta e graça)

Blindagem, escudo, à prova de qual desgraça
(clamam por justiça e rangem os dentes da indiferença)

Como pode um povo esquecido
(ainda que cantado em berço esplêndido, porém nunca dantes adormecido)

Ser espoliado, de sua condição de existência
(porquê tamanha determinação? Nesta presença constante da ausência!)

Toda vida que despedaça,
Seja nos goles de cachaça,
Ou na fome que destrói e ameaça,
Na AIDS que na África dizima a raça,
Na violência que oprime, mata e gera desgraça
Na ausência, da desigualdade e do abandono, desesperança


AjAraújo, o poeta humanista, escrito no Inverno, 7/2002

Submited by

Monday, June 6, 2011 - 04:13

Poesia :

No votes yet

AjAraujo

AjAraujo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 6 years 19 weeks ago
Joined: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Add comment

Login to post comments

other contents of AjAraujo

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Dedicated Auto de Natal 2 1.933 12/16/2009 - 03:43 Portuguese
Poesia/Meditation Natal: A paz do Menino Deus! 2 3.035 12/13/2009 - 12:32 Portuguese
Poesia/Aphorism Uma crônica de Natal 3 2.738 11/26/2009 - 04:00 Portuguese
Poesia/Dedicated Natal: uma prece 1 2.372 11/24/2009 - 12:28 Portuguese
Poesia/Dedicated Arcas de Natal 3 3.163 11/20/2009 - 04:02 Portuguese
Poesia/Meditation Queria apenas falar de um Natal... 3 3.206 11/15/2009 - 21:54 Portuguese