Dedicatória (Cassiano Ricardo)
Ao claro tempo, ao tempo
das metamorfoses,
não havia horizonte
na alegria do ser
e do acontecer.
Havia a graça aérea
com que as coisas brincavam
de ser e de não ser,
no jardim da matéria.
Hoje uma coisa passa
a ser outra coisa;
nascem anjos sem asa
dentro do dicionário;
um monstro, um dragão
em lugar de um canário.
Não pela alegria
da metamorfose.
Mas por deformação
de cada deformação
de cada ser, ou flor,
em sua geometria.
Cassiano Ricardo, poeta.
Submited by
Thursday, June 9, 2011 - 11:44
Poesia :
- Login to post comments
- 2679 reads
Add comment