Hoje sim, Amanha Não!

Estou num jardim, sentado nuns degraus. A chuva cai violentamente, traçada pelo vento que mistura o meu cabelo, um pouco mais. Tento escrever mas a tinta da caneta não seca, é levada pela chuva que apaga cada palavra, mal acabo de a escrever.
Também não importa, quero que nada fique, quero que as palavras desapareçam. Para quê ficar com elas se nada significam, para quê escrever sobre sonhos que não passam de sonhos, escrever sobre vidas que nunca vou viver, escrever sobre memórias que apenas fazem minhas lágrimas escorrerem, e se misturarem com a chuva, para quê escrever sobre sentimentos que não tenho. Para quê viver para o amanhã quando nada corre como desejamos, quando o que mais ansiamos nunca chega com o amanhã, e as nossas ilusões sobre o novo dia são desfeitas mal o sol nasce. Prefiro o momento, o presente que passa e se torna passado, onde cada palavra se torna passado no instante em que as escrevo.
Não vivo para o amanhã, vivo hoje, amanhã logo se verá.