Os Contos de Joana Morta - O tal dia

Foi num dia 26 de aurora,
Num tal mês de primavera.
Que o mundo conheceu a hora,
De saber quem ela era.

Pele branca e refrigerada,
Expressão escassa e asquerosa.
Uma criança indesejada,
Mas assim ditou a hora.

Via agora este ser incomum.
Uma vida dedicada aos mortos.
Com apenas apenas um,
E não dois olhos tortos.

Sem saber por quem,
Foi chamada de Joaninha.
Mas também por alguém,
Por pequena diabinha.

Viveu esquecida,
De tudo e de todos.
Refugiando a sua vida,
Obcecada nos mortos.

Cresceu e fez-se mulher,
Ingerindo o que a vida brota.
É hoje o que bem quer
E chama-se Joana Morta

Recorda hoje a sua vida,
Comemorando com o seu manto,
Saindo à rua despida,
Nua, vestida de branco.