Nem os olhos m'alembram...

Nem os olhos me lembram, o que quero eu ver,
Nem nos braços repouso do viver sem fundo, contudo
Se tudo não passa de um desejo escavado
No abandono desta forma concreta do meu ser,

Não será consagrado o dia em que morrer,
Nem o modo, nem o que de bom ou menos mal fizer,
No meio.  O mistério do céu nocturno sugere aconchego,
Por saber que isso é tão verdade, o nego.

Porque não quero acreditar em nada do que realmente vejo,
Não me serve de alívio ocupar ainda mais os sentidos,
Sinto por vezes que até os loucos ou cegos eu invejo,
Mas tal como os mastros somente se tornam úteis aos ventos,

Talvez tenha eu apenas o peso na Terra que me compete,
Se os olhos me lembram do que não posso ser,
Acaso ainda troque esta por outra vida menos torpe
Ainda que o engano seja a única parte íntegra… a meu ver.

Cedo deixou de ser incógnita a madrugada,
A nortada e o vento, são quem sou, inconstante …cada instante,
Dono de uma ilegítima alma dividida, 
Que não sabe se há-de ser, triste ou …contente.

Se nem os olhos me lembram o que quero eu ver,
A confissão da noite ou a convicção do dia…

Joel Matos (06/2012)
http://namastibetpoems.blogspot.com

Submited by

Martes, Noviembre 19, 2013 - 15:49

Poesia :

Su voto: Nada (1 vote)

Joel

Imagen de Joel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 6 días 20 horas
Integró: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Comentarios

Imagen de Joel

obrigado

também pela imaginação

Imagen de Teresa Almeida

Obrigada, Joel, por me

Obrigada, Joel, por me chamares aqui.

A tua poesia é complexa e forte
um mergulho no desejo escavado
um abandono ao fortuito instante

nem os teus olhos querem ver
mais que o sopro dos ventos
o desnorte, o real engano

porque o concreto é a construção
a sombra do ser e eu estou aqui
inconstante, num abraço de comunhão

Imagen de Joel

agradeço e devolvo

o caloroso abraço

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Joel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/General Não mudo 0 1.498 01/13/2011 - 12:53 Portuguese
Prosas/Lembranças Cruz D'espinhos 0 6.750 01/13/2011 - 11:02 Portuguese
Prosas/Contos Núri'as Ring 0 2.719 01/13/2011 - 11:01 Portuguese
Poesia/Fantasía Roxxanne 0 3.455 01/13/2011 - 11:00 Portuguese
Poesia/General Oração a um Deus Anão 0 4.559 01/13/2011 - 10:58 Portuguese
Prosas/Saudade O-Homem-que-desenhava-sombrinhas-nas-estrelas 0 2.426 01/13/2011 - 10:57 Portuguese
Poesia/General O fim dos tempos 0 3.934 01/13/2011 - 10:52 Portuguese
Poesia/General Terra á vista 1 1.344 01/13/2011 - 01:13 Portuguese
Prosas/Lembranças sete dias de bicicleta pelo caminho de Santiago francês 0 7.015 01/12/2011 - 23:58 Portuguese
Poesia/General Não sei que vida a minha 1 1.063 01/12/2011 - 21:04 Portuguese
Poesia/General o céu da boca 0 3.002 01/12/2011 - 15:50 Portuguese
Poesia/General Dispenso-a 0 1.711 01/12/2011 - 15:38 Portuguese
Poesia/General estranho 0 3.943 01/12/2011 - 15:36 Portuguese
Poesia/General comun 0 3.093 01/12/2011 - 15:34 Portuguese
Poesia/General desencantos 0 1.752 01/12/2011 - 15:30 Portuguese
Poesia/General Solidão não se bebe 1 2.170 01/12/2011 - 02:11 Portuguese
Poesia/General Nem que 3 2.232 01/11/2011 - 10:39 Portuguese
Poesia/General Manhã Manhosa 2 2.586 01/11/2011 - 10:25 Portuguese
Poesia/Erótico Seda Negra 1 1.313 01/10/2011 - 23:19 Portuguese
Poesia/Meditación Om... 1 4.934 01/10/2011 - 23:11 Portuguese
Poesia/General VOLTEI 2 4.886 01/10/2011 - 23:09 Portuguese
Prosas/Mistério O Chico Das Saias 0 4.254 01/09/2011 - 20:26 Portuguese
Prosas/Lembranças Nunca Mais 0 2.671 01/09/2011 - 20:22 Portuguese
Prosas/Lembranças Versus de Montanya Mayor 0 5.948 01/09/2011 - 20:20 Portuguese
Prosas/Contos Free Tibet 0 2.807 01/09/2011 - 20:14 Portuguese