Versão Endovélica de mim próprio

Meu instinto é um pragmático, pacato devoto do dedo mindinho,
Minha ilusão foi doada por videntes sérvios, sendo dum país
De cegos, creem ambos nas impressões que não sinto, bora sinta,
Inda que estranhas, indiscretas estas que ocorrem, acordam acocoradas

Sob minha pele fina, nas veias, como fosse vulgar tê-las, desgrenhadas,
Intimas e tão próximas de mim e eu delas, nos cabelos, nos sovacos,
Na pele, nos cotovelos inda que dobrados em dois, do avesso e em socalcos,
Sob mim próprio, sob a nuca, em cabelo, versão Endovélica

Das minhas singularidades, sendo nem humanas, são fendida diagonal
Em proporções desiguais, comum numa cana verde ainda,
É uma amálgama das coisas mais estranhas sentidas em par,
Defendidas por um macabro ser, sem olhos, sulas orelhas

E uma sinistra ameia ou janela, pendente das rudes pontas
De seis dedos, a enésima parte do real. Magro tronco, branco sujo
Cor da anemia, rosto de esqualo, enguia preta, eirós sem volta
Ao mar profundo, um poço iniciático, metafísico, inumano.

Sonho todavia ser salvo da morte por alguma espécie de enviado,
Imagino-me sentado, costas viradas para um místico postigo por
Onde surgirá a anunciação, a citação de que tenho "estado à espera"
Quando não mais ocupar espaço físico em Terra-surda, suja e crua.

Falta-me em acção o peso que pesa minha sede, destaco a renúncia
Sobre a vontade de viver, o exilio e a separação de mim próprio,
Por vezes cruel por vezes táctil, sendo a actualidade uma miragem
Em que nem o sonho ou a crença contribuem para mover a indiferença

Das mãos, levito entre dois mundos, evito as arestas por covardia,
Duvido da devoção desmedida, desminto-me e demito-me da função
Da consciência, embora não consciente daquilo que digo, afirmo
A minha falta de serenidade a cada vez que respiro pelas veias

Do pescoço e mais abaixo, com esforço. Faz-me falta o repouso
Embora seja uma contrariedade alheia ao meu corpo, prático e
Devotado a profissões de risco puro, excessos são sensações, diferença
É substância, fundamental é sentir no mundo mais que ninguém, a avença.

Joel Matos ( 15 Junho 2021)

http://joel-matos.blogspot.com
https://namastibet.wordpress.com
http://namastibetpoems.blogspot.com

Submited by

Martes, Junio 15, 2021 - 16:55

Poesia :

Su voto: Nada (1 vote)

Joel

Imagen de Joel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 6 semanas 5 días
Integró: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Comentarios

Imagen de Joel

fundamental é sentir no mundo

fundamental é sentir no mundo mais que ninguém, a avença.

Imagen de Joel

Obrigado pela leitura

Obrigado pela leitura

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Joel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Ministério da Poesia/General Matéria é escuro e o ouro... 10 3.586 05/25/2018 - 08:46 Portuguese
Ministério da Poesia/General Põe flores no meu quarto ou não, nenhuma ... 10 3.182 05/25/2018 - 08:44 Portuguese
Ministério da Poesia/General (Demente em contra-mão) 10 2.941 05/25/2018 - 08:41 Portuguese
Poesia/General "Ida e volta" 10 2.930 05/25/2018 - 08:39 Portuguese
Poesia/General Eu não digo… 10 3.060 05/25/2018 - 08:38 Portuguese
Ministério da Poesia/General Quero o beijo antes que seja boca, 10 1.719 05/25/2018 - 08:36 Portuguese
Ministério da Poesia/General Sou pasto de fogo fácil 10 1.506 05/25/2018 - 08:32 Portuguese
Ministério da Poesia/General Peixes ... 10 4.188 05/25/2018 - 08:31 Portuguese
Ministério da Poesia/General Com'um grifo ... 10 890 05/25/2018 - 08:28 Portuguese
Ministério da Poesia/General Cinza cinza ... 10 3.467 04/20/2018 - 15:37 Portuguese
Ministério da Poesia/General Nada me faz encanto 10 2.988 04/20/2018 - 15:35 Portuguese
Poesia/General Meu coração é lei 10 1.961 04/20/2018 - 15:33 Portuguese
Ministério da Poesia/General AutoGraphya 20 7.135 04/11/2018 - 09:15 Portuguese
Ministério da Poesia/General Protagonizar o que me acentua … 10 3.545 04/11/2018 - 09:10 Portuguese
Ministério da Poesia/General Da suavidade. 10 663 04/11/2018 - 09:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Dentro de nós, outros… 10 955 04/11/2018 - 09:05 Portuguese
Ministério da Poesia/General Não sei se sei, se não…. 10 3.290 04/11/2018 - 09:03 Portuguese
Ministério da Poesia/General Olhos conta-gotas 10 687 04/10/2018 - 15:23 Portuguese
Poesia/General (Meu lar é uma taberna) 10 4.314 04/10/2018 - 15:22 Portuguese
Ministério da Poesia/General Homem duplicado… 10 3.072 04/08/2018 - 19:37 Portuguese
Ministério da Poesia/General Mezzo… 10 3.395 04/06/2018 - 10:06 Portuguese
Poesia/General Despertar é desilusão 10 3.418 04/06/2018 - 09:57 Portuguese
Poesia/General Os idos me são saudosos 10 3.647 04/06/2018 - 08:37 Portuguese
Poesia/General A música pára a vida ... 10 4.548 04/06/2018 - 08:35 Portuguese
Ministério da Poesia/General Felicitas 10 1.522 04/02/2018 - 11:11 Portuguese