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barbearia
Barbearia
Não sou nada dentro deste muro,
Nunca serei nada do lado de fora dele,
Não posso mais do que querer ser,
Parte dos sonhos e de todos os lugares.
Sou filho comuna do vazio e cantoneiro
De estrada sem berma, barbado,
Viajo sentado na loja do barbeiro,
Lendo, desatento, o jornal amarrotado
Estou vencido, (como se só o vencer
Fosse lícito), se estivesse para morrer
Teria lápide “ toda uma vida sem lealdade”
Mas também ela, uma (meia) verdade imitada
Das filosofias que não apalpei, sem euforia
Arderam, de resto, como a multidão
De versos adaptado, em esquadria.
O meu feudo é ter do real o convicto “ não”
No fundo, estou desiludido nas certezas
E nem vejo na luz, o sol ou ouç, d’ouvidos,
Sons que cruzam, na barbearia, as vidraças,
Aquele assobiar, das ondas nas conchas dos búzios.
Mas hoje o universo reconstruiu-se-me…
Joel Matos
03/2010
http://joel-matos.blogspot.com
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