CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Karim o barbeiro de Kulun 2

Karim o barbeiro de Kulun 2

Os primeiros dias primaveris espreguiçavam-se por entre os altos picos e os sinuosos trilhos pintados em vários tons de verde que Jo desejava não mais acabassem .
Passou por centenas de aldeias sossegadas , nas montanhas de Kunlun , as portas de madeiras grossas e velhas das casas , abertas de par em par , davam noção de segurança e tranquilidade a quem passava.
Homens mais e menos novos , agachavam-se ao longo dos caminhos , em longas discussões muito gesticuladas ,“bom dia e boa viagem amigo, Deus te acompanhe”……. Diziam-lhe ,continuando as calorosas conversas.
Nos campos e florestas , mulheres de todas as idades realizavam trabalhos pesados mas sem pressas, carregavam às costas feixes e filhos bebes , enxugavam as testas do suor com as costas da mão.
Junto a uma ribeira cintilante como cristal , perto da aldeia de Atush na província de Xinjiang , região de Kizilu Kirghiz ,enquanto tomava um merecido banho , foi surpreendido por um grupo de mulheres jovens , usavam o local para lavar roupa, ouviu risos e olhares furtivos enquanto se vestia rapidamente.

Sem falsos melindres e faces descobertas , uma vez que os homens estavam fora de vista , foi convidado a partilhar o pão espalmado , tradicional e muito saboroso , do seu almoço.

Mais uma vez teve de contar quem era, que o apelidavam de Jo , tinha partido há muito de um local bem diverso deste, passado por regiões estranhas e mágicas, viu curiosidade em grandes olhos escuros, lagos sem fim como nunca tinha visto, chegavam tão fundo na sua alma que sentiu um arrepio e vontade de fugir para ainda mais longe.

Tinha cabelo negro , comprido e ondulado voando com o vento e o pescoço longo assentava num corpo ágil e harmonioso que se pressentia sob o vestido quase transparente.
Chamava-se Zahas significava o mundo , que queria conhecer,era professora.

Perguntou-lhe , com um largo sorriso se o podia acompanhar
(o acompanhar saboreou-o ele mais como fuga)
Sentiu-se tentado , mas com bons modos e um manear lento de cabeça , rejeitou a companhia.

Não só empreendia uma peregrinação solitária , mas também uma espécie de castigo ou penitência pelo que tencionava continuar sozinho.
Ela pediu-lhe então para ficar uns dias e conhecer a família o noivo Karim (o nobre), barbeiro de profissão e a sua linda aldeia.

Não havia dúvida que a aldeia era linda, já com mais características das aldeias chinesas que kirzigues que me tinha vindo a habituar , ate então.

Teve oportunidade , durante o tempo que passou naquele lugar encantado de conhecer as gentes da aldeia, simpáticas e atenciosas e Karim, homem curioso que ambicionava conhecer tudo, viajar e escrever mas que jamais sairia daquele lugar, constituiria família com Zahas,

provavelmente secariam os sonhos , tal como poças de água ao sol de verão mas seriam felizes, esqueceriam eles , que ele alguma vez tivesse passado por lá ?

Todos os dias Karim corria de casa para o trabalho e de volta a casa, mirava as estrelas e as mudanças de estações , dizia-lhe que gostava de sentir o vento falar-lhe aos ouvidos e acariciar o rosto ao correr, pensava melhor quando corria dizia-lhe ele, talvez ainda viesse a escrever esses mesmos pensamentos.

Era um indivíduo estranho e nervoso , se bem que o compreendesse melhor ele , que os vizinhos ,a noiva ou mesmo ele a si próprio.
Ultimamente tinha-se dedicado a dançar, tentava aprender a relacionar harmonia física, musica e alma.
A mãe de Zahas tinha acabado a viagem , ainda nova e o seu pai também tinha chegado ao fim á pouco, sendo ainda grande a dor da separação, restavam-lhe um irmão corpulento Musthafa, despojado e sonhador e uma irmã Nuria insegura e desligada.

Os serões e jantares soavam alegres e bem-dispostos, misturados com álcool de arroz, Karim quando bebia ficava eufórico e conviviam todos numa concofonia agradável até tarde.

A chuva que caía deixou-o pegado ao alpendre de madeira da casa , estava quase dormindo quando um beijo de Zahas o despertou.
Sabia que tinha de se despedir até sempre e quando se pôs ao caminho já não mais olhou para trás, não fosse arrepender-se.
Só de longe, de uma montanha próxima viu a aldeia na distância.

Pensou mais uma vez que gostaria de ver o filho de Zahas e Karim o barbeiro ,mas não voltaria ali mais .
Queria chegar antes do inverno a Tanshan,porque seria difícil passar os rios com grande caudal nessa altura do ano,.
Ao longe , do alto das montanhas ainda avistava a planície de Tarim ,longínqua como os tempos e as vidas passadas.

Acontecia com ele algo de estranho , conhecia já a criança que iria nascer dessa união, sabia-lhe o nome e tudo sobre ele, não quis pensar mais nisso .
Cada dia que passava , tudo em seu redor se ia transformando lentamente .

A própria natureza, os sons das árvores o cantar dos pássaros e o vento lhe segredavam, o embalavam e impeliam nalguma direcção. por qualquer razão desconhecida.

Jorge Santos

(continua)

Submited by

terça-feira, março 6, 2018 - 11:51

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

imagem de Joel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 2 dias 8 horas
Membro desde: 12/20/2009
Conteúdos:
Pontos: 42009

Comentários

imagem de Joel

.

.

imagem de Joel

.

.

imagem de Joel

.

.

imagem de Joel

.

.

imagem de Joel

provavelmente secariam os

provavelmente secariam os sonhos , tal como poças de água ao sol de verão mas seriam felizes

imagem de Joel

rovavelmente secariam os

rovavelmente secariam os sonhos , tal como poças de água ao sol de verão mas seriam felizes

imagem de Joel

rovavelmente secariam os

rovavelmente secariam os sonhos , tal como poças de água ao sol de verão mas seriam felizes

imagem de Joel

rovavelmente secariam os

rovavelmente secariam os sonhos , tal como poças de água ao sol de verão mas seriam felizes

imagem de Joel

provavelmente secariam os

provavelmente secariam os sonhos , tal como poças de água ao sol de verão mas seriam felizes

imagem de Joel

Karim o barbeiro de Kulun 2

Karim o barbeiro de Kulun 2

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Joel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Ministério da Poesia/Geral manhãs de manhas 10 3.527 03/23/2018 - 18:32 Português
Ministério da Poesia/Aforismo Modigliani 10 3.869 03/23/2018 - 18:24 Português
Ministério da Poesia/Dedicado Gladya 10 4.653 03/23/2018 - 18:21 Português
Ministério da Poesia/Geral O meu reino é ser lembrado … 10 1.705 03/23/2018 - 18:13 Português
Poesia/Geral Tudo acaba aonde começou... 10 3.234 03/23/2018 - 18:06 Português
Poesia/Geral Por cada desejo 10 4.370 03/23/2018 - 18:04 Português
Poesia/Geral Quando eu despir a veste que me liga a este mundo 10 2.415 03/23/2018 - 18:03 Português
Poesia/Geral Hades,Rei do mundo escuro 10 1.641 03/23/2018 - 17:59 Português
Poesia/Geral Pobre senil que conta o tempo e passa de rompante 10 3.744 03/23/2018 - 17:57 Português
Poesia/Geral O meu parceiro "O" Positivo 10 2.225 03/23/2018 - 17:55 Português
Ministério da Poesia/Geral Em pó mudo … 10 951 03/23/2018 - 17:52 Português
Ministério da Poesia/Geral Finjo compreender os outros … 10 1.484 03/23/2018 - 17:48 Português
Ministério da Poesia/Geral Receio ser eu mesmo nada. 10 2.776 03/23/2018 - 17:46 Português
Ministério da Poesia/Geral (Do que me vai na alma) 10 1.306 03/23/2018 - 17:46 Português
Ministério da Poesia/Geral Sal sagrado 10 3.244 03/23/2018 - 16:28 Português
Ministério da Poesia/Geral Diverso-me a julgar, excede-me o compreender. 10 3.266 03/23/2018 - 16:26 Português
Poesia/Geral Sei valer,apenas isto. 10 3.411 03/23/2018 - 16:23 Português
Poesia/Erótico Atravessar-te em festa 10 2.188 03/23/2018 - 15:26 Português
Ministério da Poesia/Aforismo Expiração 11 5.553 03/23/2018 - 13:19 Português
Ministério da Poesia/Dedicado me & Sophy 10 5.533 03/23/2018 - 12:43 Português
Ministério da Poesia/Aforismo destituição humana 10 6.502 03/23/2018 - 12:41 Português
Ministério da Poesia/Geral do que sei 10 5.125 03/23/2018 - 12:39 Português
Ministério da Poesia/Aforismo traduz 10 4.054 03/23/2018 - 10:43 Português
Ministério da Poesia/Aforismo estibordo 10 3.981 03/23/2018 - 10:41 Português
Ministério da Poesia/Intervenção alem da cor 10 5.981 03/23/2018 - 10:40 Português