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Cozido á portuguesa
Tenho digestões difíceis…
Custa-me os martírios e o ar pesaroso de quem escreve por favor.
Não a escrita…mas o ar “crucificado” de quem cria falsas auras de “génio louco”, em torno do que é exterior á produção literária.
Não me interessa de sobremaneira quem escreve.
Mas sim o que escreve.
Lamento constatar que a escrita, não é uma arte superior…
Ou melhor: não o lamento em nada.
Escrever é sempre a extensão lúdica, ou burocrática do acto de trabalhar, ou de simplesmente, passar o tempo.
Neste parâmetro, não lhe são menores na relação artística, a arte de varrer ruas ou servir bitoques.
Excepção feita a alguns escritores “malditos”, a quem os trocos mal lhes chega, (ou chegou), para aumentar o nível de colesterol á conta das letras, (e são muitos), os outros, os consagrados ou em vias “de”…refinam a hipocrisia e o capitalismo nas palavras e no mealheiro, atentando muitas vezes contra a função social que deve ter a escrita.
É-me raro, muito raro, ver um servente de obras com o falsete deprimido dos escritores, porque o “ouvido mandrião” e o ar de “yuppie defunto”, não se compadecem com o esforço real da arte de acartar.
A depressão deveras “fashion” dos artistas das letras, não ajuda a quem, madruga os braços para dar pão aos putos e mandá-los á escola, para talvez um dia quem sabe…serem escritores.
Não que desdenhe das palavras urgentes, que os sentimentos e as experiências vivenciais proporcionam àqueles que escrevem, e os empurram para a desmaterialização das acções vividas, na materialização da escrita.
Mas a previsão negra, qual meteorologia demoníaca, que faz acontecer a escrita pincelada de contradições juvenis, como se de causas supremas se tratassem, inspira ao conselho de indicar o “Simposium Terapêutico”, na página do “Prozac”, para colorir o céu de quem escreve, como se tivesse a ser espancado ou a fazer trabalho escravo.
Isto não impede, que se escreva a chorar ou a rir…
Aliás…isto não impede nada, nem que eu seja um autêntico pacóvio carregado de frases feitas e verdades absolutas, a desfiar um verbo intrépido que tem como alvo, quem lhe apetece escrever, “só porque sim”.
Mas a disposição e a digestão de certas “receitas literárias”, e a apresentação quase circense como se expõem as mesmas, em busca do aplauso e da bajulação, faz-me crescer ácido no estômago, como os tijolos fazem crescer as obras.
As máximas que referem a performances elitistas, da arte de escrever, encontram-se no excesso das preocupações metatextuais, ou na total ausência das mesmas, no comentário fútil, na crítica confeccionada com “holocáusticos” requintes de escárnio e mal dizer, ou naquela, que embeleza um texto de merda e por simpatia conclui com expressões como: “Brilhante, continua a escrever que vais longe”...
Isto, mesmo, que a genuína percepção faça topar á légua que um comentário como: “vai varrer ruas”, enriquecesse de sobremodo a higiene das ruas e a higiene literária.
Ainda assim, acredito, por inocência ou por ao chegar a esta idade e ser ainda demasiado naíf, que o génio que brilha nos escritores que, “são para sempre”, nasce da improbabilidade histórica que estes tomaram como certa, de alguma vez engordarem a comer lavagantes á conta das suas escritas, fosse pela sua desgraçada origem de classe, fosse pela sua condição boémia, ou ainda porque escreviam no intervalo de “servir bitoques…a esses a quem o curriculum, não se enchia de licenciaturas e doutoramentos e escreviam, apenas “porque sim”.
Logo a minha esperança futura, reside na culinária.
Na confecção e na junção dos ingredientes da escrita com o sal do trabalho, mesmo ainda que tenha de sofrer muito do estômago, seja a ler ou a escrever, de «smoking» ou com o fato macaco carregado de óleo, no meio de uma lata de sardinhas com sabor a lavagante…
Espero porém, apresentar-me com dignidade, sem nunca abdicar da minha origem, nem abdicar dos meus princípios…
Nunca andar cabisbaixo por escrever, porque o faço com alegria…
Muitas vezes a chorar…outras tantas a rir.
Mas sempre a escrever…porque sim!
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