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Desnascimento
Era uma vez uma cascata com brumas alucinantes.
Para lá dela morava um mundo, vítreo, espelhado, com cordilheiras e cumes e veredas intransponíveis.
Era um tempo amniótico aguado em termas mansas.
Do ali para o silencio constava um pequeno afago de causas umbilicais.
A gestação era um tempo limpo, uma solidão tão só de fazer inveja à paz.
Havia um sigilo nas mãos como se o cuidado fosse um hino.
Nasci por essa altura.
Numa manhã de aborto ébria com cheiro rum…
Expelido em fúrias uterinas, entrei pelo mundo aos encontrões.
Tenho levado tanta pancada.
Sou qualquer coisa mal crescida dono de mim e de nada.
Tenho coisa de um metro e tal e distâncias de tão atrás com saudades do calendário…
Quando o silêncio me constava causas umbilicais…
Aguado em termas mansas.
Eu quero desnascer.
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Comentários
Re: Desnascimento
Um bom jogo de palavras concertadas no começo da vida!!!
:-)