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Zé, pá...
Zé, pá…
Sabes que te conheço desde puto pá!
Pá…conheço-te, desde que me conheço se é que me conheço porque hoje acho que não te conheço pá.
Sempre foste imprevisível, imaturo, imprestável, in tudo e mais alguma coisa, o que torna a virtude vaga.
Aturàmo-nos merdas que nem uma gaja aturava mesmo que essa gaja fosse a tua mãe.
A dona Ilda é uma mulher ás direitas…de esquerda, mas ás direitas.
Pena foi que não pudesse desenhar o que trazia no ventre e nasceste tu.
Do mal, o menos…nasceste, quiçá prematuro e numa noite que deus tirou folga.
Pá, em puto eras uma autentica abécula com pernas…
Gritavas em modo varina com decibéis alterosos e tinhas o dom de beber minis na idade do iogurte.
Contava-te o que não te lembras nem te apraz ouvir porque sempre foste o momento.
Contava-te de andares pendurado nos eléctricos para Graça e caíres em cima dum bófia que te fez alinhar em vira á estalada e a dona Ilda a ir-te buscar.
Contava-te da Carmo…
Pá, a Carmo era uma boa miúda, gostava de miúdos, de todos os miúdos e também de ti…
Pá a Carmo era feia como o caraças e andaste com ela dois anos abençoados por mim…só se estragava uma casa e o terror em grupo suporta-se bem.
Ela pôs-te os cornos umas, vá lá, dez vezes…
Mas chorei quando choras-te quando ela te deixou, a rir, para andar com o caixa de óculos do Pereira.
Podia-te lembrar de nós dois a sermos corridos à pedrada por teres gamado aquele fato treino berrante a um puto na Musgueira.
O melhor sitio para quem não é de lá abafar uma merda de gosto duvidoso a quem é de lá e filho de traficantes.
Sei que o puto hoje está na choldra.
Devido ao trauma começou a gamar lojas onde havia muitos fatos de treinos e outras merdas valiosas.
Lembras-te daquela que jurei nunca mais dizer o nome quando me deixou…
Agradeço-te o ficares calado e teres feito charros a noite toda enquanto eu berrava choroso o Stairway to Heaven com uma dor de corno de bradar aos cães.
O facto de termos ido a Madrid ver os Simple Minds também contribuiu para o facto de te ter afecto.
Não é todos os dias que um gajo entra em coma alcoólico, leva porrada de três espanhóis, quase morre espezinhado e ainda arma um estardalhaço sem nome quando acorda no hospital um dia e meio depois.
Foi de valor Zé…
Sabes que estive um tempo afastado pá.
Não sabia de ti…
Não estive na prisão mas vivi um bocado recluso.
Grades…
São úlceras longas de aço que cercam de infâmia a boca dos homens.
Olhei à procura de olhos na rua espalhada no chão terrorista, sepultado de ti sem censura.
Venho á escrita por tempos livres, por vícios livres, por tudo e por nada que posso ou não posso dizer sem grades.
Aqui morreram os justos.
Dentro de livros e letras esboçadas com sangue na noite poética.
Morreram nas grades escritas com grito de liberdade, arguidos, réus, condenados por menos nada que sonho, por menos nada que…merdas, sei lá.
Zé, pá…ganda Zé!!!
Sentados esperámos o tempo que erramos a querer o futuro.
Vagos nas vozes partidos no grito na demora dos amanhãs.
Apontámos metas, limamos arestas nos olhos da pergunta…
Onde estaremos, onde estaremos quando a boca for defunta.
Ao acaso deram-nos a ver um mundo melhor?
Não, Zé…
Sabes que depois da Carmo, nunca pensei que arranjasses uma gaja mais feia.
Engano.
Hoje ao fim de tudo, vi-te com essa gaja…
Pá…achas que Cirrose é nome de gaja pá?
Francamente.
Venho á escrita por tempos livres, por vícios livres, por tudo e por nada que posso ou não posso dizer sem grades.
Foste um grande filho da puta pá!
Hoje apanhei-te deitado com ela.
Lembrei-me dos Simple Minds em Madrid.
Ainda esperei que armasses um estardalhaço do caraças, mas nem para o abraço ficaste .
Já não gritas estereofónico.
Do mal, o menos…
Gosto de ti pá!
Do fundo do coração, se é que o tenho.
Desta vez és tu quem desaparece…
Cirrose!!!
Sempre arranjas com cada puta para ficar!!!
Adeus amigo.
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Comentários
Re: Zé, pá...
Há dias assim...
por mais peripécias que façam
os amigos não passam - ficam.
Vitor
Re: Zé, pá...
O tempo que já não volta mas a sua graça será quotidiana!!!
:-)
Re: Zé, pá...
Afonso pá... Escreves bem com'o caraças!
Intimo, com quantidades bem doseados de humor sarcástico e de nostalgia...
Beijinho em si, Lapis!
Inês