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Relembranças do mundo ausente

Vou por aí…
Desenvolveria um tema á volta disto e mais.
O sol está tão próximo da terra que a noite queima vadia vias incandescentes.
Sou uma fronteira fechada.
Dentro de mim vivem mundos e corpúsculos de vida alheia em silêncio sentados.
Sentados no jardim, dois velhos residem queimados na noite.
O ar é um subúrbio de ambulâncias e uma esmola por favor de pão e não.
Vou por aí…
A saber das razões do mês e talvez semear Setembros no ventre dos campos violados de adeus.
Talvez faça desenhos de homens com olhos na nuca para que nas costas passageiras, não mais viva o nó do abandono e do talvez, assim-assim, que se diz indiferente no vulcão das cidades.
Desenvolveria um tema á volta disto e mais.
Por ora vou por aí dos becos absintos ao ópio do nada ter, a inventar adjectivos á noite e…
Esfaqueiam-me!
Quero sentir que estou vivo, que estão vivos, nem que seja para morrer, por um pouco de morrer, de sentir, de saber, de saber o sol, de saber a sal, dançar à chuva, á roda, ás piruetas e então com rima silhuetas abraçadas, encharcadas e nuas a bailar atenções, a olhar e a rir, porque estou cheio de medo que as pessoas da terra já não saibam sorrir.
Vou por aí
Desenvolveria um tema á volta disto e mais.
Acre sol ornado de rumbas e sambas voláteis que tenho saudade dos corpos.
Fazer a vida com sabor a agua e transbordar nas bocas actos afectos.
Vai, vai, homem do aqui e do ali, vai…
Marca já na tua agenda…
Amanhã a felicidade.
Marca cascatas e serras, marca os olhos vegetais, lagoas de água vítrea…
Marca horas incitantes, clamores de brilho, marca
oposição com nossos braços erguidos, tomar posição, desvendar mistérios, tomar ministérios perverter magistérios e fumar, fazer bolas de fumo enquanto passam saltimbancos e o céu, do céu borboletas, amarelas, verdes, violetas, purpurinas e do chão malmequeres, papoilas inocentes e uma estrada de amores-perfeitos.
Quero ser atropelado…
Pelos ventos não sei de aonde.
Encerar o chão da terra e delirar, deslizar.
Ir por aí num escorrego doido e beber cataratas de água clara, exalar pinhos do norte, desaparecer no meio do musgo e abraçar sagitários.
Bocejo notas de sonho…
Vou por aí…
Desenvolveria um tema á volta disto e mais.
Por ora vou por aí dos becos absintos ao ópio do nada ter, a inventar adjectivos á noite e…
A fazer bolas de fumo…
Enquanto passam saltimbancos.

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domingo, abril 25, 2010 - 23:46

Poesia :

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Lapis-Lazuli

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Comentários

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Re: Relembranças do mundo ausente

Genial...

Acre sol ornado de rumbas e sambas voláteis que tenho saudade dos corpos.
Fazer a vida com sabor a agua e transbordar nas bocas actos afectos.
Vai, vai, homem do aqui e do ali, vai…
Marca já na tua agenda…
Amanhã a felicidade.

O pensamento em ti não têm limites, simplesmente acontece brilhante, com a mesma naturalidade que o ar que respiras.

Abraço

imagem de Henrique

Re: Relembranças do mundo ausente

Sentados no jardim, dois velhos residem queimados na noite.

Marca já na tua agenda…
Amanhã a felicidade.

O ar é um subúrbio de ambulâncias...

Genial!!!!

:-)

imagem de Librisscriptaest

Re: Relembranças do mundo ausente

"Talvez faça desenhos de homens com olhos na nuca para que nas costas passageiras, não mais viva o nó do abandono e do talvez"
Esta passagem, meu caro Lápis, está brilhante!
As vezes precisamos mesmo de umas facadas para ver se pela mão da dor, acordamos e damos valar a estar vivos, qtas vezes apenas respiramos mecanicamente?
Ler-te é sentir o gume da faca afiada, q penetra doce e suavemente na pele da minha alma!
Q gosto me dá ler-te!
Beijinho em ti!
Inês

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