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Glaciares
A neblina é um corpo desmaiado sobre a terra,
O sol recolheu-se em ocaso,
E chovem talheres de prata
Nas calçadas de pedras gélidas.
Este tom, pastel, do ar
São lágrimas de frio,
Que encantam tudo o que paira
E as túlipas ao entardecer.
Esbelta ventania gelada
Que abraça os oceanos,
Com assopros polares de magia
E metamorfoseia suas águas, num camaleão erudito.
O sangue que pinga no âmago
Qual mel vespertino,
Derrete as estalactites da alma
Agora um lago plantado de cisnes.
No véu que cobre os mares,
Rompem barqueiros, como uma quimera
Resplandecendo no nevoeiro
Uma brisa cruel de vida.
Caronte da vida e da morte,
No rio que atravessas sem fim,
Leva os Invernos á morte
Embrulhados em frios de cetim.
Os relógios que germinam em guerras,
Dos equinócios ou da translação em confronto,
Voam em seda de pétalas
Despercebidas como virgens no sono.
Há um louvor de mistérios,
Na geometria das ruas esquálidas,
O amparo de um gelo eterno,
Nas calçadas de pedras gélidas.
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Poesia :
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Comentários
Re: Glaciares
Quando acabei de ler "Glaciares", eu que sou mais adepto da prosa, fiquei a gostar mais de poesia.
Agora, vou estar mais atento, porque é sempre um prazer redobrado ler quem assim sente com genialidade.
É mesmo um grande prazer.
Um Abraço.
Vitor
Re: Glaciares
LINDO POEMA, GOSTEI!
Meus parabéns,
Marne