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"Molduras" - prosa poética completa

De ruínas desesperadas que regem a noite com vis feitiços... De belezas escanzeladas que escapam ao manejar do Tempo... De tristeza, fragilidade e agonia que decidem adormecer na saudade de vida sem fulgor... De eu, tu e todos aqueles que não imaginam o que é ser feliz... apenas sofrer por tanto de momentos emprestados desejar...
De lamentos e suspiros que ganham bolor no mundo inferior… De carícias já esquecidas que regem sonhos e nunca clamam por mais luz… De templos, castelos e mosteiros onde foram criadas solenidades que se perderam em divinos cenários e uns outros tomados por demónios e serpentes… De vida, morte e outras realidades que possuem o seu quinhão de dor… a comédia de tragédias dementes…
De toscas e aviltantes profecias que já há muito dançaram pelas covas de ríspidas e furtivas saudades… De apatia e reles monotonia que dardejou esperança já escurecida pelo abraço de sonhos em ruína… De cores sem luz nem calor que dominam as cavernas da minha alma, que cavam os insanos pesadelos de quem nunca foi contente… De facadas, feridas e morte… as lágrimas de quem ama, as lágrimas de quem pela mais bela estrela clama, as lágrimas de quem arde e sofre por amar…
De caveiras e ossos desenhados pela Vida, atacados pela Morte e embriagados pela Desolação… De espíritos humilhados pela Esperança que tantas vezes sorri mas raramente concede realidades, as certezas de haver lugar para tamanha vontade… De marchas fúnebres, requiems ao passado já morto e funerais que prezam miséria e angústia… De futilidades, banalidades e frivolidades… sinónimos de um mesmo desprezo, de um nada que a ninguém importa, nem mesmo quem tenta se erguer…
De esmolas nunca concedidas pelo Sol, raramente adornadas pela Lua e nem em sonhos oferecidas… De passos sem força, enferrujados pela rispidez de quem já não tem coragem escrita no sangue… De alentos desanimados, palidez esbranquiçada, mágoa por si própria magoada… De tédio horrorizado por louca morbidez, vidas pela morte regidas e fios de prata partidos… a profundidade de uma dor que preenche e não deixa espaço para a luz…
De mil e um contos oferecidos à Humanidade e outras histórias, lendas e parábolas que surgiram de tudo o que o Tempo carrega… De melodias que vivem na alma como se dançassem com todas as cores que nos foram oferecidas ao nascer… De belas edificações, harmoniosas construções e tudo o mais que a imaginação nos deleitar… De prazer, conforto, descanso, bem-estar e todas as sensações que à alegria nos quiser levar… a ousadia de se pensar que a Felicidade está viva e nos quer bem…
De fotos já gastas com pobres já mortos… O amarelo do Tempo que se esvai, que seduz a poeira de frutuosas recordações, as cantigas de milhares de maldições que fecham-me os olhos pedindo sono sem riso a acariciar… Sentado na rocha mais fria que a idade permite, tenho apenas a companhia de um fantasma que já não consigo tocar… os lábios que se foram, os beijos que já não se unem ao meu amar…
De portas, janelas e molduras… De tudo o que nos importar…

Prosa poética publicada na revista "Origens" em Junho de 2004

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sábado, abril 4, 2009 - 23:39

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Solitudinis

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