CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

"Tenho um sonho como consorte" - Conto (Excerto)

"Acordei para um outro momento e me parecia ter visitado séculos sem memória, um sono com o louvor de jardins encantados onde pintar a fome, o desejo de cortejar as paredes da harmonia e do descanso com os olhos fechados, a cor de outrora sendo um ligeiro bem-estar que reluzia os lábios com o sorriso.
Já não me lembrava há quanto tempo tinha dormido tão bem assim, o corpo conhecendo os trejeitos da mais viva substância onde não havia qualquer dor, os meus passos sendo tão leves quanto o ar, insuflando-me a alma com a alegria de ser este o mais maravilhoso dos dias que a minha jovem existência conheceu.
Iria-me casar… O belo homem que tanto me elevava o espírito sendo pródigo de uma arte tão bela que o poderia dar a conhecer como um anjo que o mundo viu nascer, uma formosa figura que tão bem combinava com a minha.
Com toda a vaidade, elogiava os seus actos como sendo os mais próprios de uma alma que sentia a riqueza que é lutar por sonhos e vê-los concretizados. Não era demasiado supor que o dinheiro que possuía não me desse aquela inaudita sensação que, quem merece, inflama e que até possam existir outras pessoas com uma certa inveja mas tal não me importava. Eu e o meu amado éramos mais do que essas outras poderiam alguma vez sentir pois o amor que nos conduzia era a divina concepção materializada em solo mortal. E alegremente vivia, a liberdade de traduzir o que de pitoresco inebria a Arte sendo as formas mais doces e luzidias de agraciar a Vida com um valioso requinte.
Oh, não é por dizer isto que se deveria achar que me sinto mais do que todos os que por aqui vivem, apenas verto tamanha felicidade que as ricas cores pintadas no meu ser, um jardim de encantos e proezas infinitas, são cenários incandescentes que surgiram com o Amor.
E assim elevo a minha voz a pronunciar que hoje é definitivamente o dia mais belo de toda a minha vida! Apetece-me dançar, cantar, sorrir e rir como se louca fosse… porque louca me sinto de tão verdadeiro é este sentimento! Os nossos dois corpos finalmente unidos ao fim do dia pela mais bela das poesias que entoam o verdadeiro perfume da felicidade.
Sim, hoje o meu sorriso é dos mais belos que já tive e se não me importam as manhãs de outros dias em que olhava para o verdejante horizonte da propriedade pertencente ao meu pai, é porque todas elas tinham uma riqueza menor.
Mesmo assim, todos os outros momentos tinham uma riqueza ainda menor antes de o meu amor me ter dado conhecer o seu encanto por mim e, estes, menor ainda do que a ocasião em que fez valer o desejo de se unir para além da alma e do coração, a ponte mais íntima que apenas o matrimónio poderia suster.
Sim, hoje é o meu dia mais feliz e tenho a louca vontade de gritar que tudo farei para que os momentos que surjam sejam ainda mais belos, nada de desencanto nos levando a guardar as sombras como paródia de outros sonhos. Essas, torpes nuvens baixas onde a melancolia ensina a viajar, já não farão parte da minha vida pois este dia, o mais belo de todos, terá ecos de louvor em outros momentos porque eu e o meu amado uniremos as nossas vidas e toda a magia que o amor celebra fará parte de nós.
E, como o sonho está prestes a se concretizar, sinto-me cada vez mais forte, rica, uma sede e uma fome se insurgindo pelo meu corpo como se apenas esse momento fosse o mais divino. Os nossos corpos conhecendo a chama que o outro possui, reparando qualquer mal que possa ter surgido com o desejo e a privação.
Sentindo-me bela, caio outra vez na cama e, tocando o meu corpo com aquela vontade que tão bem conheço, sinto já as suas mãos a fazer-me sentir fogo, a presença de uma arte que enfeita o que se aprende com a luxúria, as contorções de um glorioso prazer se deliciando com o que é sublime. Recordar os seus beijos vibrando pelo meu pescoço, lembra-me as ondas que o mar conhece, aquela suavidade que é me deixar levar pela sedução que traz ao corpo fortuna.
Tinha sido ontem a última vez que os meus lábios tinham encontrado os dele e já me parecia uma eternidade, uma lástima que ainda não nos tivéssemos casado, dado os passos para nos lembrarmos que o Tempo não tem significado, que o que apenas importa é a nossa vida juntos.
Ah! Quão belas serão as manhãs que acordarmos juntos, os nossos corpos conhecendo a harmonia após uma noite de prazer. De certeza que o iria encher de beijos para que o seu sorriso perdurasse o dia todo, para que se sentisse capaz de ultrapassar qualquer malefício, qualquer caminho desigual que não traz fortuna nem grandioso valor à existência.
Saindo da cama, dou uns passos de ballet, sentindo-me como uma pluma que voa ao sabor de um vento mágico, o verde da floresta que rodeia esta mansão sendo a esperança que compõe melodias exaltantes onde a carinhosa devoção à serenidade contempla provas de intenso fulgor.
Num jeito tão doce enlevo a voz a enfeitar o ar com a melodia do meu desejo, uma música tão rica que a minha voz quis acarinhar, enquanto coloco o colar que o meu divino me presenteou e que me faz senti-lo próximo, como se a sua preciosa mão estivesse a tocar o meu pescoço e não um pedaço de metal que, embora valioso, não tinha o valor que ele possuía.
Com ele, tinha descoberto um tesouro, enriquecido a minha vida com uma tal paixão que nem todas as jóias preciosas deste e de quaisquer outros mundos, juntas, poderiam me fazer sentir mais rica. O seu coração era maravilhoso e eu me sentia maravilhosa!!!
Sorrindo, podia dizer que a luz que surgia da janela era a mais divina que alguma vez tinha visto e se existem outros adjectivos para enaltecer o que sentia que fossem encontrados nos braços do meu doce e belo amado pois somente ele os poderia fazer conhecer. Os seus lábios sendo a mais doce loucura, o maior dos fogos percorrendo o meu ser quando finalmente estivéssemos juntos.
Passando em frente ao enorme espelho que tinha em frente à cama, quis mirar-me, os olhos azuis descendo sobre as minhas formas que enrubesceriam o corpo do meu amado com um fogo tal que nunca mais me largaria. Desejávamo-nos, a nossa sorte sendo que o casamento seria por amor e, de tal concordata, teríamos os mais belos filhos que alguém alguma vez teve ou terá.
A paixão e toda a poesia que daí surge como fruto de sonhos de longos anos que não tardarão a ser esquecidos com a nossa frutuosa primeira noite de amor. O meu primeiro e único homem tomando a minha inocência com o seu rubor, dando-me a conhecer porque existe um paraíso na Terra quando se é salva do esquecimento.
Mas…? Os meus olhos me enganam? Quem são essas pessoas que passeiam pelo meu quarto?
Viro-me para trás e viro-me para o espelho e o cenário de cada lado é completamente diferente de cada um…
Que artes mágicas se imiscuem por este recinto? Onde é que se encontra a realidade lúcida, certa, capaz de provar que a sanidade toca os limites do abismo e procura se defender com garras e dentes de toda a prova de espanto e terror?
Por Deus!!! O que está a acontecer??? Quem são as pessoas que vejo no meu quarto e que nada dizem, apenas se movimentam esbaforidas, em choque, como se algo trágico tivesse acontecido???
Mas… se antes todas estavam de costas, duas delas passaram agora em frente ao espelho o tempo suficiente para as reconhecer… O meu pai e o meu noivo cujas expressões de alarme me fizeram estremecer… Porque choram???
Meu Deus!!! Porque choram neste dia que devia ser belo???"

Submited by

segunda-feira, março 9, 2009 - 19:20

Prosas :

No votes yet

Solitudinis

imagem de Solitudinis
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 13 anos 17 semanas
Membro desde: 12/05/2008
Conteúdos:
Pontos: 285

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Solitudinis

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Fotos/ - The stains of lifeless deeds 0 997 11/24/2010 - 00:38 Português
Fotos/ - Once upon the sun 0 999 11/24/2010 - 00:38 Português
Fotos/ - As the sky is drowning light 0 955 11/24/2010 - 00:37 Português
Fotos/ - For a sign of hopeful light 0 978 11/24/2010 - 00:37 Português
Fotos/ - Looking at a loving dream 0 1.030 11/24/2010 - 00:37 Português
Fotos/ - Passionate in a distant land 0 1.021 11/24/2010 - 00:37 Português
Fotos/ - Once upon a loving coffee 0 1.486 11/24/2010 - 00:36 Português
Fotos/ - Keeping the ruined memory 0 1.041 11/24/2010 - 00:36 Português
Fotos/Paisagens A catedral de Novi Sad de dia (Sérvia) 0 1.113 11/20/2010 - 05:25 Português
Fotos/Paisagens A catedral de Novi Sad (Sérvia) 0 1.293 11/20/2010 - 05:25 Português
Prosas/Saudade "Sob um céu de Outono chorei..." - Conto Completo 0 890 11/18/2010 - 23:47 Português
Prosas/Saudade "São asas e o vento..." - Conto Completo 0 844 11/18/2010 - 23:47 Português
Prosas/Mistério "Sob a neblina que me corta o sangue" - Conto (Excerto) 0 839 11/18/2010 - 23:45 Português
Prosas/Mistério "Sentiam os meus passos na escuridão" - Conto (Excerto) 0 875 11/18/2010 - 23:45 Português
Prosas/Mistério Com a sua luz, pinto a divina gentileza - Conto (Excerto) 0 901 11/18/2010 - 23:45 Português
Prosas/Mistério A arte das sombras aprisionadas - Conto (Excerto) 0 906 11/18/2010 - 23:45 Português
Prosas/Mistério Resquícios de estranhas sinfonias - Romance (2º livro - Excerto) 0 1.149 11/18/2010 - 23:45 Português
Prosas/Mistério "Tenho um sonho como consorte" - Conto (Excerto) 0 821 11/18/2010 - 23:45 Português
Prosas/Mistério "De espectros e dor..." (Excerto) 1º livro 0 673 11/18/2010 - 23:45 Português
Poesia/Meditação "Molduras" - prosa poética completa 0 716 11/17/2010 - 23:21 Português
Poesia/Amor Inebriante e sereno (Prosa Poética - Excerto) 0 891 11/17/2010 - 23:20 Português
Poesia/Tristeza Tenho dor nos meus olhos - (Prosa Poética - Excerto) 0 1.018 11/17/2010 - 23:17 Português
Poesia/Amor For a muse of divine dreams 0 766 11/17/2010 - 23:16 Português
Poesia/Tristeza The comfort of a fallen man 0 869 11/17/2010 - 23:16 Português
Poesia/Gótico Fragille Insomnia 1 751 03/05/2010 - 03:54 Português