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OS CANOS DAS ESPINGARDAS

Os canos das espingardas
estão cheios de veneno lírico
e sílabas exangue afiadas
nas legendas dos sorrisos

Os canos das espingardas
confabulam estatísticas imagéticas
e pesadelos surrealistas
em primaveras artificiais
quando se ignoram tempestades

Os canos das espingardas
não vacilam perante uma lágrima
a palavra muda, o poema aceso
o grito cipreste dos inocentes sem voz

Os canos das espingardas
desconhecem a metafísica dos gestos
das vidas que ceifam a fio
não entendem o sentido do silêncio
no seio de um inferno

Revelam o rosto da besta
oculta no coração dos homens
com olhos de anjo agridoces
alimentando feridas por sarar
na febre dos tempos

Vestem-se de ouro e aço
e rosa carne
ignorando a morte de Eva
num leito de alcova cega

Não têm alma, apenas ego
eclipse solar da existência
existem enquanto escolhermos
fazer da Paz uma palavra
e não uma bandeira branca
no coração de cada homem

TIAGO MOITA
"Post Mortem e Outros Uivos"
Worldartfriends/Corpos Editora
2012

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segunda-feira, outubro 28, 2013 - 01:11

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tiago moita

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