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Paredes do Miocárdio
As paredes do meu quarto sofreram um enfarte do miocárdio. As quatro! Elas lamuriavam-se de dores de rodapé, de humidade, dos socos e da mobília da coisinha do andar de cima e fartas de me ouvirem lamuriar de falar às paredes quando tenho mesmo debaixo dos meus queixos uma janela e uma porta antipática como um empregado de mesa a tresandar a tremoço. Eu não dei fé dos queixumes das desgraçadas ali espetadas com quadros de ponto de cruz horrorosos, outros de aguarela que se tenta artisticamente pincelar. As teias de aranha até me fazem lembrar a juventude dos lenços transparentes asfixiados no pescoço. Ficam-te bem paredes! Sim, tenho que vos dar uma pintadela, mas qual a vossa cor preferida? Nunca definem o consenso da virada para Norte que prefere o azul ao cinzento da virada para Este, ao verde da que enfrenta o Oeste e o laranja que afronta o Sul.
Surpreendida como a ruga que nasceu da noite para o dia, vi as minhas quatro paredes caírem triangulares. A porta permaneceu direita, mais parecia uma coluna vertebral de uma bailarina. A janela, essa ficou à janela a ouvir os pássaros comerem minhocas saídas fresquinhas da terra. Eu, eu que sempre tenho que socorrer tudo e todas, é o cão, é a avó e os filhos desta, são os pássaros do gato arreganhado da minha sobrinha. E de mim? Quem me acuda quando tiver as quatro paredes rachadas e manchadas do tempo? E quando me cai o tecto nas mãos? Quem?
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Comentários
Re: Paredes do Miocárdio
Miocárdiamente engraçado!!!
:-)
Re: Paredes do Miocárdio
... é as teias de aranha, as minhocas fresquinhas saídas da terra, é o gato arreganhado da minha sobrinha...
Gostei muito das Paredes do Miocárdio. é um bonito poema com uma certa musicalidade na forma como é descrita.
bjs.
Vitor.