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QUE A MORTE NOS MATE …
Quando aquele que habita o nosso corpo não é nós,
a morte triunfou ...
A alma fica a sós com a escuridão
dos passos dados em vão.
O corpo pertence a si mesmo oco,
carne ingrata que apodrece e fede,
bigorna que cede à forma,
substância extinta.
O olhar apaga a tinta do ver,
constrói cidades desertas na vontade de ter.
A voz ouve-se calada sobre leis de caos constante.
A maquilhagem do conhecimento acontece,
a distância tece o seu próprio fim,
a gente desaparece.
O vento já não escreve tanto,
as pedras pararam de estar quietas.
O amor já não vem articulado em setas,
é pasto de erva fácil,
atalho seco.
A paixão como fogo antológico
de avessos repentinos,
de sujidade.
O mel esculpe o infinito no açude ácido do ser.
O passado cai no esquecimento,
o sono habita o sonho.
O silêncio banha a multidão de silêncio.
A solidão malha o jorro das cores da vida
até que sejam pó.
O tempo como viga de luzes inesgotáveis,
as rugas que por nós caminharão novas,
morreres que nos matarão sem dó.
O vazio acabará por nos encher a cabeça,
as essências andarão aos tombos
no pensamento.
Que a morte nos mate,
não nós …
.
.
.
.
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