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RUÍNAS À BEIRA MAR …
Os meus olhos são ruínas à beira mar,
nómadas eternidades dispersas
pelos palcos do meu pensar.
Tilintes que plantam flores nas mãos
que a idade apalpa e vê.
O meu olhar é um velho barco
encalhado no horizonte,
uma bússola,
um casco parco,
um leme de lascas,
poesia.
Quanto vejo é o choro de uma fonte,
um lugar a monte algures,
nenhures por aí.
Uma sede, uma queda,
um silêncio de ver-me verbalizando quem sou.
Uns pós nos firmamentos dos faróis do tempo,
um areal sem peugadas.
Vejo-me em ventos rasos de culpa
por onde a imensidão caminha,
cego-me de lágrimas.
Afogo-me em madrugadas perpétuas
por onde a alma espreita,
onde a sombra é nua.
Já não vivo em mim nem na lua.
Arrasto o meu rasto nesta encruzilhada
que se desencruza imperfeita,
feita de perda e pedra.
Corrupio de carne e osso que a terra agasalhará.
Olho-me por aí.
Procuro-me por onde me esqueci,
abandono-me distante,
prendo-me lá.
Encontro-me.
Aponto-me ao infinito sem perder o norte,
digo-me sem perder o limite.
Autentifico-me de mim,
vivido por mim por lá fora de mim.
Sentido até ao fim do meu dentro
nesta multidão de mins.
.
.
.
.
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