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Árvore de Sanguessugas - IV
ser, então, é sentir com toda a pele, é ouvir com todos os orifícios e chorar com todas as forças. a ânsia de duas ou três palavras tuas preenchem o dia. a ausência de duas ou três palavras tuas completam o dia e a noite. começo por imaginar palavras mortas, depois, aproximo-me da cama e deixo o corpo em queda livre de encontro ao colchão. soletro o tecto, as paredes, a sujidade nas paredes e o silêncio. puxo-me para dentro de mim e grito. ecos movimentam um corpomoto. as garras na ponta dos dedos rasgam a pele e chove. uma chuva silenciosa, sem pavimento. não foste esquecida e eu nunca quis ser uma opção à solidão. chegaram as duas ou três palavras e continua tudo na mesma. a vida é a cada respirar a presença da tua ausência. a traição perdeu a virgindade. parecem-me os ossos com febre. a traição dá-me febre e peso nos ossos. tenho as veias acidadas, um coração que já circula com bocados de mim. qualquer dia coagula e eu rebento como os corações, que sentem em excesso.
Hugo Sousa
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Comentários
Re: Árvore de Sanguessugas - IV
Texto bem escrito, boa interpretação das coisas!
:-)