lição de vida- 14º PARTE

- “Ricardo, eu vou mesmo dar o meu melhor” – prometi-lhe apertando-lhe as mãos.

- “Eu sei meu amor, eu sei” – beijou-me – “Vamos arranjar as tuas coisas para ir-mos?”
- “Vamos” – Respondi-lhe sorrindo.
Arruma-mos todas as coisas. Algumas das coisas ficaram lá. Eram objectos sem importância e que relembravam o amargo passado.
- “Quando largares tudo isto, vamos refazer o teu guarda-roupa!” – exclamou Ricado feliz.
- “E vamos refazer a nossa vida. A nossa história, o nosso Amor”
- “É tão bom ver-te assim… Feliz e confiante num futuro”
- “Graças a ti Ricardo. Como é que ainda confias em mim?”
- “Porque te amo e sei que queres sair disto. Vamos conseguir, acredita em mim!”
- “Eu acredito” – segredei-lhe abraçando a cintura dele.
Beijamo-nos apaixonadamente.
Quando metemos as poucas malas no carro, seguiu para Hamburgo.
- “Não vais avisar primeiro a tua irmã de que vais para Hamburgo?”
- “Eu ligo-lhe de lá a dizer que lá estou… Se falar com ela sei que acabarei por lhe contar a verdade” – tirou os olhos da estrada para me olhar.
A seu ver parecia-lhe apreensiva. Algo me atormentava.
Ricardo tirou umas das mãos do volante e colocou-a sobre a minha coxa As minhas mãos foram ao encontro da mão que repousara sobre a minha. Os dedos misturaram-se e eu finalmente sorri.
- “Ainda te lembras do texto?” – perguntou-me ele a medo.
- “Qual deles? Eram tantos…”
- “Não sei, eram todos muito bons…” – fizemos silêncio – “Eram de facto bons…” – insistiu passado uns minutos.
- “Sim, e depois?”
- “Nunca mais escreveste nada. Ainda vou ao teu blogue, mas não lhe vejo um único texto novo. Devias voltar a escrever. Ia-te fazer bem”
- “Talvez tenhas razão, mas não faz mais sentido escrever. Aquilo eram textos de uma adolescente triste porque gostava de um tipo que nem sequer sabia da existência dela”
- “Hey!” – protestou – “Eu sempre soube da tua existência!”
- “Esquecias-me tão cedo como os dias da semana. Nunca sabias a quantas andavas. Na Terça pensavas que era Quarta, na Quarta pensavas que já era Sexta. E comigo, também eras assim”
- “Mudei muito. Eu sempre tive um fraquinho por ti, Inês”
- “E eu por ti” – ri-me – “Ainda me lembro de quando ficamos presos na casa de banho. Lembraste?”
- “Se lembro” – riu-se – “Se fosse agora, garanto-te que não tinha tapado os olhos”
- “E eu não te tinha gritado para saíres da casa de banho ou então não me tinha enrolado na toalha á pressa”
- “Éramos tão putos!” – riu-se Ricado – “Se fosse agora, tudo seria diferente, mas talvez não tivesse sido tão engraçado como foi”
- “Ora ai está! Agora é que disseste tudo Ricardo! Mas, verdade seja dita, gosto muito mais de ti agora! Antes eras muito envergonhado!”
- “Olha quem fala! Para quem fugia sempre que eu ia a tua casa não estás em grande posição para me criticar!”
- “Eu não fugia, quando foi o episódio da casa de banho não fugi”
- “Estávamos trancados. Se estivéssemos livres tínhamos os dois fugido… mas é que eu tenho a certeza disso!” – rimo-nos.
- “Fui eu quem te beijou primeiro… Lembraste miúdo?”
- “Lembro-me”- sorriu-me – “E a minha primeira vez foi contigo. Lembraste?”
- “Infelizmente” – rimo-nos histericamente – “Fomos desastrosos. Foi a primeira vez dos dois” – justifiquei-me.
- “Eu bem que te tinha dito que era melhor começar com alguém que já tivesse experiência!”
- “Nada disso! Foi um desastre, porque foi mesmo! Mas até foi bonito”