Lição de vida- 4ºparte

A minha irmã é um assunto resolvido para mim.
Lavei daí as minhas mãos e ponto final.
Durante muito tempo avisei a minha mãe que a Inês não andava em boas companhias.
Mas a menina chegava a casa e metia-se a falar com a mãe. Dizia sempre “Ai mãezinha, sim de facto alguns deles andam na droga. Mas eu dou-me bem com eles. Tenho tanta pena deles. Coitados. Se um dia eu me metesse na droga, nem sei…” dizia ela toda furiosa.
Ás vezes até chorava supostamente com pena dos “amiguinhos” dela.
E a minha mãe sempre foi acreditando nela e nas suas mentirinhas.
O facto é que a Inês nunca aceitou o divórcio dos nossos pais muito menos, quando eu decidi ir morar com o nosso pai.
Ela ajoelhou-se a chorar a pedir-me que não fosse.
Sempre nos demos muitíssimo bem.
Éramos mais do que irmãos. Se é que é possível tal coisa.
Ela era o meu orgulho, a minha referência, o meu sorriso.
Foi muito duro vê-la na droga.
Nos primeiros tempos, enquanto apenas fumava, eu tentei faze-la parar.
Naquela altura ela já namorava com o Ricardo. E todos nós tentamos que ela deixasse de fumar. De nada nos valeu.
Algum tempo depois corriam rumores entre o meu grupo de amigos, ou seja, o pessoal mais velho da escola e os mais populares da nossa cidade, que a minha irmã andava a snifar heroína e a fumar cocaína.
Cheguei a casa furiosa.
Perguntei-lhe se era verdade e ela a chorar negou tudo.
Nunca percebi totalmente como é que isto lhe foi acontecer.
O grupo de amigos dela, aquele grupo que eu conhecia não andava metido nas drogas.
Penso que tudo começou quando ela começou a ir àquela discoteca muito famosa em Lisboa, ai sim. Ela conheceu novas pessoas através dos seus amigos e começou a dar-se cada vez melhor com esses que conheceu na discoteca.
O pessoal que ela conheceu, segundo sei, já eram veteranos na droga. Enquanto ela era uma novata que mal se aguentava depois de fumar um charro.
Ela surpreendeu-me negativamente em todos os aspectos.
Fartou-se de me prometer que largaria a droga.
Sempre se revoltou e se chateou comigo quando lhe perguntava se ela se injectava. Dizia-me sempre “Por quem me tomas Joana? Ás vezes perguntas coisas que me magoam! Eu era incapaz de tal coisa!”
Nestes tempos, apesar de namorar com o Ricardo, pouco ou nada estava com ele.
Ele gostava mesmo dela, ainda hoje tento perceber se ela gostou dele… O pobre esperava por ela no final das aulas dela em minha casa e ela aparecia á noite, muito tarde.
O Ricardo já era muito popular na escola quando eles começaram a namorar. E a minha irmã, no início andava mesmo apaixonada. Não sei o que aconteceu. O certo é que de um dia para o outro deixou aquela paixão toda pelo Ricardo e começou a sair cada vez mais frequentemente com o pessoal da discoteca. Por vezes o Ricardo ligava-lhe e ela nem sequer atendia.
Fez isto várias vezes. Muitas vezes eu presenciei isto. Ela dizia-me “Ai mana, estou com dores de cabeça hoje e não o quero preocupar” mas hoje, eu não acredito que fosse só isso.