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Quase
Olho-te no soslaio de uma certeza de quase te ter tido em completo apenas para mim.
Na incerteza de um acidente que quase não aconteceu, ficou a certeza do choque que as tuas mãos provocaram no meu corpo.
Para mim, serás a eterna dúvida que o teu cheiro me dá como uma quase certeza.
Nas noites em que juntos quase dormimos, elevamo-nos a um estádio maior de sentires, nos lugares onde as nossas mãos quase aconteceram por dentro de nós.
E na emoção das memórias quase diariamente revividas, surges como o todo de um sentir de tudo o que quase foi nosso.
E o mundo que quase se vergou a nós e à explosão do que fomos, quase que ficou deserto, pelo esgar do grito que se soltou, quando tu quase te despediste de mim.
Eu, que quase morri no momento em que me apercebi que tu apenas quase ficaste, abandonei-me em prostração ao desvario dos meus pensamentos que quase pensei controlar, em todos os momentos que no mais fundo da tua ausência, quase te conseguia sentir.
E quase consegui ficar no mesmo lugar.
Mas a ausência dos teus sítios em mim, quase me deixaram vazio ao ponto de quase não conseguir respirar o ar, daquele lugar que quase foi nosso.
E quase consegui continuar a fazer as mesmas coisas.
Mas os teus gestos em mim impregnados, quase me transmitiam a tua omnipresença não me permitindo avançar no perseguir dos meus intentos, quase me prendendo os movimentos.
E… quase consegui continuar a ser eu.
Mas eu quase não existia sem ti; sem o calor que o teu olhar me transmitia quase não sendo necessário nada mais para me aquecer; sem o toque da tua pele que quase sentia quando te pensava; sem o som do teu sorrir que quase ouvia sempre que olhava uma foto tua.
E foi então que me apercebi que não fazia sentido continuar apenas a quase viver.
Tu havias fugido para longe de mim. Levaras o teu corpo, o teu odor, o teu olhar, as tuas palavras, as tuas sonoridades… todos os meus sentires e quase a minha sanidade em todos os momentos em que pensava que…
…Quase fomos “nós”!
E agora, que apenas em pensamentos existo, quase vivo em ti, dentro de ti, por ter sido esse o lugar onde me guardaste quando soubeste que eu partira, por não ter sabido viver, sabendo, que apenas, quase te tinha tido!
E ironicamente,
Com isso,
Agora,
Quase posso dizer,
Que finalmente…
…Quase somos “nós”!
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Comentários
Re: Quase
As emoções são a realidade da escrita!
:-)