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Quero que Saibas

Porque quando voltares eu já cá não estarei, deixo-te esta carta porque quero que saibas que esperei por ti.

Quero que saibas que não te deixei do lado de fora da porta, ou sequer arrumada numa gaveta velha, rangente, fechada com uma chave que se partiu. Não;

Quero que saibas, que estiveste sempre ali, na prateleira de mármore sobre a lareira, onde mais se fazia sentir o calor dos meus sentires sempre que te pensava (e era sempre em ti que constantemente pensava);

Quero que saibas que o passar do tempo, não arrefeceu em mim o sentir-te enraizada sob a minha pele, alimentando-te do meu sangue (pois neles tu cresceste e te desenvolveste a cada pulsar, sempre, em contínuo em mim);

Quero que saibas que nunca ninguém te substituiu, nem nada nunca ocupou qualquer um dos teus lugares (pelo contrário, foste tu que foste ocupando cada vez mais lugares de mim, ao ponto de quase não sobrar espaço para mim próprio);

Quero que saibas que sem ti, o tempo passou a correr tão mais devagar e os sentidos que a vida fazia, foram-se esmorecendo, mas não tu (porque tu, foste sendo sempre cada vez mais a espera, o motivo da espera, o tudo que na própria espera, deixa até de ser espera);

Quero que saibas que o sol e a lua se cansaram de passar pelos meus olhos, mas os meus olhos nunca se cansaram de te procurar no caminho de acesso à nossa porta (que passou a nunca estar fechada à chave, com receio que chegasses e por te teres esquecido da tua, fosses de novo embora);

Quero que saibas que os meus braços sempre se abraçavam à noite, na procura da sensação dos teus, que envolta no meu tronco, me trariam uma vez mais o sentir das tuas formas (essas que pelo castigo da tua ausência, eram já apenas uma quimera);

Quero que saibas que as sombras da rua passaram a ser possíveis lugares onde te imaginava escondida a observares-me, pela necessidade que a memória das mãos fazia rasgar em ti de uma simples visão de mim (tal como eu era constantemente dilacerado pelas minhas);

Quero que saibas que por vezes desejei nunca te ter conhecido, mas sem isso, sei que nunca me teria conhecido em pleno a mim e então esse desejo desaparecia e ficava uma vez mais, apenas, o imenso desejo de ti (esse que me fazia crescer uma solidão no peito, por quando nas mãos vazias de ti nelas ver nascer as noites de mim);

Quero que saibas tudo, tantas coisas, tantos sentimentos, tantos sentires, tantos devaneios e até loucuras, tanto tu, tanto eu, tanto, tanto…

Quero que saibas por fim, que eu já cá não estou não porque tenha desistido de ti. Apenas o tempo de espera foi demasiado longo e a minha vida encontra agora o seu término (essa mesma vida, que decorreu numa espera contínua e ininterrupta de Ti);

E quero que saibas, que te deixo esta carta para que fiques a saber tudo isto quando voltares, mesmo… sabendo eu… no mais íntimo de mim… que não voltarás.

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sexta-feira, maio 2, 2008 - 11:29

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FPaixao

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Comentários

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Re: Quero que Saibas

Texto bem escrito em dom da palavra!

:-)

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Re: Quero que Saibas

Quero que saibas....que o quase adolescente entusiamo, o doce sabor da confissão da tua carta/poema é um prazer ingénuo o ler.

imagem de Andarilhus

Re: Quero que Saibas

Quero que saibas :)... que, quem quer a que esta carta se destinasse, - na minha ignorante opinião - não merecia as sublimes eloquência e sentimento nela contidos...
Abraço
"(º0º)"

imagem de MariaSousa

Re: Quero que Saibas

Uma bela e complexa carta de amor...

Será que ela a vai ler? esperemos que sim... :-)

Gostei.

Bjs

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