O corpo me é dado e com que fim? (Ossip Mandelstam)

O corpo me é dado-e com que fim,
Meu corpo único,  tão de mim?

Pela alegria chã de respirar,
Silenciosa, a quem devo louvar?

Sou jardineiro e sou flor - cativo  
Na prisão do mundo sozinho não vivo.

E já nos vidros da eternidade
Cai meu calor, meu sopro respirado.

Nela se grava um desenho pra sempre,
Irreconhecível de tão recente.

Escorra do momento a água turva -
O desenho amado não esbate à chuva.

Ossip Mandelstam, poeta russo.

 

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Sunday, August 28, 2011 - 19:45

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