Hora (Sophia de Mello Breyner)

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta - por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.


Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.


E dormem mil gestos nos meus dedos.


Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.


Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.


E de novo caminho para o mar.

 

Sophia de Mello Breyner.

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Tuesday, August 30, 2011 - 11:17

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