PERDI O OLHAR PELA JANELA QUE NÃO TE VÊ CHEGAR

O teu adeus quase me cala o pensamento.
De ti, o momento é de lágrimas. De muita tristeza.

Fonte em jorro de morte. Escrito
e reescrito de nada pelas lousas do meu semblante
que sem ti que se distorce em saudade e melancolia.

Sem ti, o dia deixa de ser dia.
A noite brada como um cacto na poesia.
Horas são cordões frios que em mim tecem o deserto.

Depois de ti,
o sol deixou de ser o meu colo.
O vazio que deixas é um solo infértil
onde o silêncio se enclausura em insipidez.

Perdi a razão de ser.
Sem ti, o tempo não resta.
O Inverno é aresta sonorizada de inferno.
Perdi o olhar pela janela que não te vê chegar.

Uma janela aberta pela alma
de onde te olhava com vida inteira.
Olhei-te à maneira do sol-pôr mais belo da vida.

O teu beijo é agora um caderno
que me alaga as memórias de secura.
Teus lábios são chuva que não cai nesta sede de amar.

Fui fogueira de Verão,
canção em rimas de felicidade.
Agora, sou voz de Outono. Murmúrio de solidão
pelas copas das árvores como passarinho sem ninho.

Sem o calor do teu corpo,
sinto-me tão sozinho nas palavras.
Como neve silenciosa a pintar de branco amargo
as montanhas outrora amor em nós como alto do mundo.

Anteontem que agora chora.
Passado que encena abismos na aurora
do amanhã que realça nos meus olhos o teu adeus.

 

 

Submited by

Thursday, October 27, 2011 - 17:11

Poesia :

Your rating: None (6 votes)

Henrique

Henrique's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 10 years 6 weeks ago
Joined: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Add comment

Login to post comments

other contents of Henrique

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Thoughts DA POESIA 1 9.791 05/26/2020 - 23:50 Portuguese
Videos/Others Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 53.211 06/11/2019 - 09:39 Portuguese
Poesia/Sadness TEUS OLHOS SÃO NADA 1 9.486 03/06/2018 - 21:51 Portuguese
Poesia/Thoughts ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 11.198 02/28/2018 - 17:42 Portuguese
Poesia/Thoughts APALPOS INTERMITENTES 0 9.937 02/10/2015 - 22:50 Portuguese
Poesia/Aphorism AQUILO QUE O JUÍZO É 0 10.663 02/03/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Thoughts ISENTO DE AMAR 0 9.389 02/02/2015 - 21:08 Portuguese
Poesia/Love LUME MAIS DO QUE ACESO 0 9.999 02/01/2015 - 22:51 Portuguese
Poesia/Thoughts PELO TEMPO 0 8.331 01/31/2015 - 21:34 Portuguese
Poesia/Thoughts DO AMOR 0 8.089 01/30/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SENTIMENTO 0 7.882 01/29/2015 - 22:55 Portuguese
Poesia/Thoughts DO PENSAMENTO 0 9.939 01/29/2015 - 19:53 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SONHO 0 7.339 01/29/2015 - 01:04 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SILÊNCIO 0 8.007 01/29/2015 - 00:36 Portuguese
Poesia/Thoughts DA CALMA 0 8.176 01/28/2015 - 21:27 Portuguese
Poesia/Thoughts REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 6.444 01/27/2015 - 22:48 Portuguese
Poesia/Thoughts MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 9.562 01/27/2015 - 16:59 Portuguese
Poesia/Aphorism NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 8.075 01/26/2015 - 20:44 Portuguese
Poesia/Thoughts SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 8.898 01/25/2015 - 22:36 Portuguese
Poesia/Thoughts MIGALHAS DE SAUDADE 0 8.553 01/22/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Thoughts ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 7.513 01/21/2015 - 18:00 Portuguese
Poesia/Thoughts PALAVRAS À LUPA 0 7.322 01/20/2015 - 19:38 Portuguese
Poesia/Thoughts MADRESSILVA 0 6.289 01/19/2015 - 21:07 Portuguese
Poesia/Thoughts NA SOLIDÃO 0 9.725 01/17/2015 - 23:32 Portuguese
Poesia/Thoughts LÁPIS DE SER 0 9.497 01/16/2015 - 20:47 Portuguese