SOPÉ DA INSÂNIA
Lume que arde sem estrépito, a saudade
como flor baldia da tarde. Suspensa em demora.
Lágrimas empilhadas pelos destroços do horizonte.
Silêncio que dói. Ausência que destrói os olhos.
Noites sem lua, sem estrelas, sem universo. Sem mim.
Noites vazias. Breu que pinta o céu num verso sem ar.
Espaço gelado que me amordaça a boca.
Cada suspiro é um vento de pedra.
Cada poema tornou-se um beco sem saída.
Cada olhar é um pássaro sem beiral onde pousar.
Cicatrizo os lábios
com palavras que me afeiam o eco.
Deito o corpo aos detritos da eternidade
que um dia julguei ser o altar dos meus desejos.
A vida desmoronou-se como poeira
sobre os meus passos atados ao pântano da alma.
Recordar são nuvens de lama.
Labirinto de quem ama que o sol enrija em tristeza.
Figura em sombra cuja mão áspera dá voz ao meu grito.
O meu abrigo é um olhar submerso
na teia de um rio sem foz. Sem mar onde cantar.
Vereda que se abate e enleia o coração que bate quieto.
Ruído que rói o sopé da insânia
que se quebranta ao ónus desta solidão.
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Comments
Olá amigo
Olá amigo Henrique,
Maravilhoso este seu texto; aliás: O título em si já emana poesia.
Então, começa com a derradeira:
"Lume que arde sem estrépito, a saudade
como flor baldia da tarde."
Arrebate todas as primaveras num dom terno, de paz, amor e saudade...
Simplesmente maravilhoso.
Poderia ficar aqui comentando e elogiando, em declamação tão bela sensibilidade.
Adorei meu amigo!
O Poeta cresce olhando o caminho das árvores com a mais doce de todas as festas: O bater do seu coração.
Parabéns, adorei.
Grande abraço.