ORIGENS - Sinopse, Romance (próximo trabalho em execução)

                             ORIGENS

                                Grândola – Vila Morena

                                            
Naquela tarde de calor, num dia do mês de Julho. João entrou na barbearia do compadre Rosmaninho. Um cheiro a água de colónia barata pulverizada a partir de um frasco, com uma borla de borracha, para ser bombeada manualmente, inundou as suas narinas! Dáva-lhe, um certo prazer estar alí, -   quem quizesse saber das  últimas novidades da vila era  naquele local, que encontraria, certamente, a informação desejada. A cadeira era própria para  a prática do oficio - metálica, arredondada e pintada de branco, com alavancas para proporcionarem as posições pretendidas. Nela, sentavam-se os clientes defronte de um espelho estendido a todo o comprimento do balcão, em pedra mármore onde  estavam todos os utensilios, bem à mão. Envolto numa grande toalha branca apertada à volta do pescoço encontrava-se um cliente, meio adormecido pelas massagens do pente a passar  pelo coiro cabeludo ao som ritmado do  abre e fecha da tesoura junto dos ouvidos. Estes movimentos repetidos só eram interrompidos quando, sùbitamente, havia uma paragem do mestre barbeiro, para  voltar-se com gestos largos a reforçarem, enfàticamente, algumas palavras do discurso que, entretanto, estendia aos que aguardarvam, sentados na cadeira corrida, junto à parede de azulejo branco. O tema dessa tarde  era a política! -   Salazar queria  fazer do Alentejo o celeiro de Portugal, pretendendo iniciar uma prática de incentivos à produção do trigo, em alta escala. 
João gostava de ouvir a conversa daqueles compadres. Estava interessado naquela informação das políticas do Estado Novo. Dizia respeito ao futuro do patrão e, consequentemente, ao  dele também. Tinha 27 anos, todos eles curtidos na propriedade das Fontaínhas, onde o velho patrão, o Sr. Afonso, grande latifundiário da região, dera-lhe a mão desde muito novinho,logo que terminara a instrução primária e a pedido da sua mãe, pô-lo a trabalhar nas suas propriedades. Entretanto, foi vendo nele grandes qualidades em dedicação e inteligencia. Era de compleição física bastante forte, boa estatura, tisnado pelo sol e bem parecido. Começou a lidar com as máquinas agricolas numa das herdades do patrão, desde muito novo,  logo que este começou a deixar para trás os bois e as charruas de madeira, à medida que iam dando lugar aos tractores e às enormes debulhadoras, numa nova filosofia de produtividade que muito apreciava nele, contangiando-o na ânsia da inovação!

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Thursday, November 3, 2011 - 10:28

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Docarmo

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Muito interessante

Muito interessante a forma em quê você descreve os ambientes,a forma que você escreve é muito clara!"Origens" é um romance que terá muito ainda o que surprender aos olhos de seus leitores!
Estou a escrever um romance,porém ,tenho muito o que organizar,é preciso ter ordem para ter progresso!

Parabéns!

Desejo sucesso nessa tua obra maravilhosa!

Beijos!

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ORIGENS

Bem Hajas querida Desempenho. A história desta página terminou com um fim feliz : a publicação do livro e o aparecimento da Sofia a fechar o que havia iniciado - comentar a obra, quando, ainda, era um esboço em execução. Esta página ficou "parada" quando Sofia se ausentou, por motivos pessoais. Felizmente ela retomou o que havia iniciado, fechando-a, agora, com a eloquência que lhe é tão peculiar, Eis a história desta página que termina com um final feliz.
Um Beijo do amigo
Docarmo

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