CIDADE FANTASMA

O meu sentir era uma limusina
de claridades que me detinham em frente.

Alumiado a todas as frentes nas traseiras dos mundos.

O meu sentir agora, é uma cortina
de ruinas num túnel sem luz ao fundo.

As minhas mãos
seguravam os momentos pelos cornos.

Assaltavam o tempo para lhe roubar instantes.

As minhas mãos agora, são silvas.
São moedas de troca sem metáfora de mão em mão.

A minha voz era um centro urbano
onde a família era o pão que alimentava a multidão.

O meu dizer era um templo de sonhos.

A minha voz agora,
é a baixa de uma cidade fantasma.

O que agora digo, são peças arrependidas
de encaixar nos desencaixes que inventei.

A noite era-me uma flor de perfumes insanos.

A noite agora, é o pijama da minha insónia.

A minha paixão era de fogo, era de emoções vulcões,
estar apaixonado era a minha aurora boreal.

A minha paixão agora, é uma pedra de gelo.

Estar apaixonado agora,
é uma nuvem de cinzas que me tolda o ser.

Eu que era eu, era um eu de nascentes
que desmantelavam todas as poluições.

Era um eu
que domava dragões,
o eu que encantava donzelas.

Agora, sou um eu só.

 

 

 

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Tuesday, March 27, 2012 - 20:52

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Henrique

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Maria Vaz Costa's picture

Agora, sou um eu só

Muito sentido...Bem forte...
Mas com grandiosa beleza...
E nessa tristeza
São momentos que já lá estão...
Momentos vêem...
Momentos vão...
Para que o riso um dia venha
E abra de novo teu coração...

M D S V C

:(

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