DIZEM QUE MINTO
Tudo que vejo ou sinto,
fora da imaginação,
é tudo quanto minto –
eis a douta emoção.
Não minto, quanto penso.
A Razão, está certa
ou errada –
é como um lenço,
vai no vento, que a cerca.
Como tudo que escrevo,
antes de mais o medito,
não vá ao que devo -
não ser no outro,
o que incito.
E no limiar da incerteza,
àqueles, que me hão-de ler,
ser rei sem realeza –
que mais vale ser,
do que parecer.
Se ouvisse a voz do coração,
ao pensamento, o algoz,
não haveria verso
nem canção -
que ele se ilude,
com tanta voz.
Assim, o que narro, a
descrever,
é um som de mar,
à praia dada –
é porque é e se
quer crer:
águas indómitas, onde
já não há nada.
Isto é bonito e de
realçar,
porque nasceu de minha
imaginação.
Entanto, ficou-me nas mãos,
o sal do mar -
e um pensamento, de haver
continuação.
E vou por aí, alcançando
sonhos,
quando a tarde é de um louro
macilento –
flores silvestres, medronhos:
que melhor que isto,
como argumento?
In De Profundis
Jorge Humberto
11/01/11
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Comments
Meu amigo, Abilio,
Meu amigo, Abilio,
há muitas realidades em nós e "nós ", para além delas.
Se as imaginamos, por confrontá-las,
então são porque são e são realidades em si. E nelas existo.
O resto, fora disso, é tudo quanto minto.
Também fico desiludido, por ver que grande parte das pessoas,
não fazem comentários. InfelizMente.
Agradeço tua presença constante, que me engrandece e me motiva.
Abraços meus
Jorge Humberto
Divagando
A primeira estrofe leva-me a divagar
as muitas realidades que passam por nós
- talvez tudo o que seja exterior a nós não exista;
ou talvez não existam as palavras que leio;
ou a pessoa que as escreveu...
Talvez não exista eu!...
Divagar pelos labirintos existenciais,
é dar corpo às flores impossíveis.
Bom dia amigo Humberto!
Oportunidade também para colorir o poema com o meu comentário
- fico desiludido quando vejo textos sem comentários (algo
que parece ser muito comum neste site, infelizMente)
Um abraç0o!
Abilio