Perder-me quando te encontro

Passaram-se vinte e quatro horas? Pareceram-me dois minutos. Rasgo o tempo cada vez que penso em ti. O tempo é imune quando estou contigo e eu estou contigo a todos os segundos. Parece que a semana é apenas um dia. Quando vou a ver, já passou. Onde estás? Às vezes estou contigo e de repente já não te vejo! Parece que te esqueço cada vez que olho para ti. Olhar-te pela milésima vez é um sufoco primário para os meus sentimentos. É como se cada vez que te visse o meu corpo fizesse replay. Apaixono-me por ti todos os dias. E é isto que me mata. Este amor. Este desejo. Este sufoco! Apaixonar-me tantas vezes por ti. E cada vez que me apaixono é de maneira diferente. É o mesmo que amar o sol, amar a lua. Amar as ondas e amar o vento. Tudo é igual de maneira diferente. E tu amas a igualdade diferentemente. Tu sufocas-me. E se não me sufocasses, não seria amor. Se eu não ficasse sem palavras, se as minhas pernas não tremessem, não seria amor. Cada vez que te encontro, perco-me. Deixo, instantaneamente, de pensar na minha existência. Tu és eu quando estou contigo. Eu sou tu quando me perco no teu olhar. Sabes o que faço quando não sei de ti? Penso na existência das coisas. Penso porque razão estás tu em todo o lado. É matemático. Vou reencarnar René Descartes e alinhar geometricamente as nossas coordenadas. Nada pode falhar! Vou analisar devidamente cada traço teu, porque conhecer cada unidade da tua personalidade torna tudo mais interessante! Eu digo bem alto que influencias tudo aquilo que sou. Será que sou? Sou quando estou contigo. Fora disso vou reencarnando a filosofia, a matemática, a ciência e eventualmente, a literatura. É assim que eu passo o meu tempo, pensando que sei tudo sem saber de nada. Agora anda, encontra-me. Encontra-me que eu já estou louca. E ao menos contigo a loucura parece-me certa.