Sou um homem mau.

Sou um homem mau,
Uma criatura vil, doente
E a malvadez não se trata,
Desmente-se (no dizer de Dostoiévski)

Tenho uma raiva espetada,
Bem no fundo de minh’alma,
Em força bruta e ruim culpa,
Que não apagarei do carácter.

A razão, também ela me culpa,
Corta-me tal vidro liso, com a raiva
Dos diamantes rijos,
Mas não me trata…não me trata

Nos poros goros da minha alma
Sem regra, se esta nega a lapidação e é negra,
Como o diamante que a corta,
(Tanto melhor se o mal piora)

Corta fundo e rude,
A minha garganta secreta, seca, cortada à faca,
Segregada a raiva que venho colando à face
Que envolve minha inteligência infecunda.

Não é razão suficiente ou profunda,
Nem ela tem a culpa toda,
Pra minha garganta, pouco culta, sangrar
Da raiva q’esta alma mea-culpa segrega.

A culpa rasgada é do meu esforço,
Que não brota diamante melhor,
E a razão bruta, é ter a
Raiva pegada ao nó do arcaico cinto

E no circulo desta boca…
-Sou um homem mau-

Jorge Manuel Santos (10/2014)

http://joel-matos.blogspot.com

Submited by

Friday, February 23, 2018 - 17:43

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 1 week 4 days ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Comments

Joel's picture

A minha garganta secreta, seca, cortada à faca

A minha garganta secreta, seca, cortada à faca

Joel's picture

A minha garganta secreta, seca, cortada à faca

A minha garganta secreta, seca, cortada à faca

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Ministério da Poesia/Dedicated Francisca 0 7.424 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism tudo e nada 0 6.760 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicated Priscilla 0 7.177 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism Asa calada 0 10.109 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism flores d'cardeais 0 6.866 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicated Magdalena 0 6.757 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism peito Abeto 0 6.132 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism rapaz da tesoura 0 5.347 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism Koras 0 8.365 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism escrever pressas 0 2.728 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism não tarde 0 4.682 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism fecha-me a sete chaves 0 4.528 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism inventar 0 7.998 11/19/2010 - 18:16 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicated professas 0 5.726 11/19/2010 - 18:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism amor sen'destino 0 11.281 11/19/2010 - 18:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism andorinhão 0 7.926 11/19/2010 - 18:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism sentir mais 0 5.928 11/19/2010 - 18:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism palabras 0 9.555 11/19/2010 - 18:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism A matilha 0 6.919 11/19/2010 - 18:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism ao fim e ao cabo 0 5.014 11/19/2010 - 18:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism o bosque encoberto 0 6.221 11/19/2010 - 18:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism nem teu rubor quero 0 5.923 11/19/2010 - 18:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism em nome d'Ele 0 6.668 11/19/2010 - 18:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism Troia 0 8.564 11/19/2010 - 18:13 Portuguese
Ministério da Poesia/Aphorism desabafo 0 9.273 11/19/2010 - 18:13 Portuguese