A frase que faltou.

Acordou, sorriu-me um sorriso largo,
E me abraçou como a um cobertor
Em tempos de frio.
Reclamou que o café estava amargo,
Mas sorriu-me novamente
Como se quisesse dizer
Que eu estava perdoado.

Ainda embriagada pelo sono
Tomou seu banho,
Enxugou os pés num pano
E arrumou-se para mais
Um dia de trabalho insano.

Ao abrir a porta, olhou para trás
Com uma feição nada amistosa
E fitou-me com um olhar
De mulher rancorosa.
Por fim partiu sem despedir-se de mim,
Confesso que nada compreendi.
Parecia enfurecida
Por alguma coisa que tinha feito ou dito,
Mas se assim estivesse
Estaria sem motivo,
Pois a tratei com a gentileza
Rotineira de todas as manhãs.

Ao surgir da lua,
Olhei pela janela
E a avistei caminhando pela rua.
Ela entrou em casa,
Fechou a feição
Enquanto eu lhe perguntava
O porquê de toda aquela situação.
Ela ainda enfurecida me questionava:
Porque quando eu saí de casa
Você não disse que me amava?

Percebi então
Que de nada adiantou
As gentilezas que fiz,
Se a frase que ela queria ouvir
Eu não proferi.