Estar

Vi, com esses olhos que a terra há de comer ...
o Homem que o Câncer comeu.
Logo serei eu
e alguém dirá: vi com esses ...

Cavalguei o branco Ginete,
pintei faixas de Natal em azul faillet,
misturei pimenta com cipreste,
lutei contra a Ditadura do Gal. Croquete
e dormi com a balzaquiana coquete.
E até amei uma heroína
que se foi em morte feminina.

De tudo fiz. Mas acho que errado,
pois o Destino me pisa com bota de soldado
enquanto eu sonhava só ter estado.

Saudade da moça da beira do mar,
tempo último que declamei amar.
Ressinto saudade do que já chamei de Lar
e daquilo, filho, que cantava para ti ninar.

Esse silêncio no ar,
antecede o tumular.
A náusea e a vertigem,
como um soco me atinge.
Do leito, o Céu parece mais distante,
mas sussurram que a passagem é só um instante.

O escuro é chegado,
envolto no breu
ainda penso que um dia fui eu.

Submited by

Monday, February 22, 2010 - 21:35

Poesia :

No votes yet

fabiovillela

fabiovillela's picture
Offline
Title: Moderador Poesia
Last seen: 8 years 27 weeks ago
Joined: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Comments

Henrique's picture

Re: Estar

Quando se desabafa tristeza em poesia,
é uma alegria.

:-)

MarneDulinski's picture

Re: Estar

LINDO POEMA, GOSTEI!

Saudade da moça da beira do mar,
tempo último que declamei amar.
Ressinto saudade do que já chamei de Lar
e daquilo, filho, que cantava para ti ninar.

Lindas recordações de momentos que se foram!
Meus parabéns,
Marne

robsondesouza's picture

Re: Estar

Belo texto!

Fábio,

A vida ganha sentido quando a amamos pois, com o amor a alcançar todas as brechas de nossa existência, além das que supomos haver, podemos, enfim... Sentir a paz que, só a vida viva nos dá.

É bom poder acordar cedo, sentir o agradável frio da manhã e pensar: -Eu existo e posso desfrutar disso!

Abraços, Robson!

Add comment

Login to post comments

other contents of fabiovillela

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Sadness A Canção de Alepo 0 8.101 10/01/2016 - 22:17 Portuguese
Poesia/Meditation Nada 0 6.716 07/07/2016 - 16:34 Portuguese
Poesia/Love As Manhãs 0 6.701 07/02/2016 - 14:49 Portuguese
Poesia/General A Ave de Arribação 0 6.834 06/20/2016 - 18:10 Portuguese
Poesia/Love BETH e a REVOLUÇÃO DE VERDADE 0 8.620 06/06/2016 - 19:30 Portuguese
Prosas/Others A Dialética 0 12.403 04/19/2016 - 21:44 Portuguese
Poesia/Disillusion OS FINS 0 7.421 04/17/2016 - 12:28 Portuguese
Poesia/Dedicated O Camareiro 0 9.501 03/16/2016 - 22:28 Portuguese
Poesia/Love O Fim 1 6.912 03/04/2016 - 22:54 Portuguese
Poesia/Love Rio, de 451 Janeiros 1 11.671 03/04/2016 - 22:19 Portuguese
Prosas/Others Rostos e Livros 0 10.439 02/18/2016 - 20:14 Portuguese
Poesia/Love A Nova Enseada 0 6.924 02/17/2016 - 15:52 Portuguese
Poesia/Love O Voo de Papillon 0 6.235 02/02/2016 - 18:43 Portuguese
Poesia/Meditation O Avião 0 7.111 01/24/2016 - 16:25 Portuguese
Poesia/Love Amores e Realejos 0 8.581 01/23/2016 - 16:38 Portuguese
Poesia/Dedicated Os Lusos Poetas 0 6.954 01/17/2016 - 21:16 Portuguese
Poesia/Love O Voo 0 6.654 01/08/2016 - 18:53 Portuguese
Prosas/Others Schopenhauer e o Pessimismo Filosófico 0 11.607 01/07/2016 - 20:31 Portuguese
Poesia/Love Revellion em Copacabana 0 6.245 12/31/2015 - 15:19 Portuguese
Poesia/General Porque é Natal, sejamos Quixotes 0 8.103 12/23/2015 - 18:07 Portuguese
Poesia/General A Cena 0 7.621 12/21/2015 - 13:55 Portuguese
Prosas/Others Jihadismo: contra os Muçulmanos e contra o Ocidente. 0 11.311 12/20/2015 - 19:17 Portuguese
Poesia/Love Os Vazios 0 10.398 12/18/2015 - 20:59 Portuguese
Prosas/Others O impeachment e a Impopularidade Carta aberta ao Senhor Deputado Ivan Valente – Psol. 0 9.449 12/15/2015 - 14:59 Portuguese
Poesia/Love A Hora 0 10.081 12/12/2015 - 16:54 Portuguese