Continuo sentado à varanda
Choro porque acabei de saber de como se
Morria sentado à varanda, enquanto um
Silêncio corre pelos rubros telhados fora e
Me devolve um abraço do tamanho do medo.
E se alguém no entanto me ligar é porque pensa
Que ainda existo junto ao telefone, onde um dia,
Sendo eu, aprendi que não sabia dizer quem era
Ou onde tinha me esquecido de guardar o nome.
Quem me dera saber de cor cada canto da casa e
Percorrê-la ao contrário, adormecer com vontade
Junto à porta e acordar com as duas distintas buzinas
E com o corpo fresco pendurado num saco à neblina.
Mas continuo sentado à varanda mesmo sabendo
Que apenas existo na minha saudade, que de tempos
A tempos reconheço no vago aroma de uma cevada
E numa foto que guardo no bolso das calças e de onde
Lamento ter saído.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 3613 reads
Add comment
other contents of jopeman
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Thoughts | Violentas Alegrias | 5 | 2.170 | 10/20/2011 - 20:16 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Gostei sobretudo das árvores que davam pássaros | 4 | 2.013 | 10/20/2011 - 20:13 | Portuguese | |
Poesia/Love | sei que o amor é coisa de homens | 1 | 1.879 | 10/20/2011 - 20:10 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Profile | 1129 | 0 | 3.365 | 11/23/2010 - 23:37 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 1127 | 0 | 4.344 | 11/23/2010 - 23:34 | Portuguese |
Poesia/Thoughts | Sou Vadio | 4 | 2.180 | 08/30/2010 - 08:57 | Portuguese | |
Poesia/General | Destino Manifesto | 2 | 2.476 | 08/22/2010 - 21:17 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Quietude (Desafio Poético) | 3 | 2.125 | 08/02/2010 - 01:08 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Jopeman - O caminho (ao WAF) | 2 | 2.104 | 07/06/2010 - 07:10 | Portuguese | |
Poesia/Love | A (quase) eterna leveza dos malmequeres | 1 | 2.614 | 06/24/2010 - 04:05 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | A terra é só terra e eu penso nisso vezes demais | 5 | 2.331 | 06/19/2010 - 21:35 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Portas | 7 | 2.158 | 06/12/2010 - 09:54 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Que morram todos os sinais | 1 | 2.233 | 06/12/2010 - 09:48 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Viagem | 2 | 2.563 | 06/12/2010 - 09:41 | Portuguese | |
Prosas/Contos | Intuições | 5 | 2.073 | 05/17/2010 - 21:01 | Portuguese | |
Poesia/General | Só tu sabes! | 6 | 2.096 | 05/17/2010 - 21:00 | Portuguese | |
Poesia/Joy | Corro | 8 | 2.363 | 05/10/2010 - 14:06 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | As pedras não voam | 11 | 2.453 | 05/02/2010 - 02:15 | Portuguese | |
Poesia/General | Distâncias | 9 | 2.028 | 04/07/2010 - 19:29 | Portuguese | |
Poesia/General | Há aquelas coisas de que nunca penso se houver uma porta aberta | 7 | 1.768 | 03/26/2010 - 08:42 | Portuguese | |
Poesia/Love | Amor de sol e lua (duo com Analyra) | 6 | 2.660 | 03/23/2010 - 15:00 | Portuguese | |
Poesia/General | Continuo sentado à varanda | 7 | 3.613 | 03/17/2010 - 20:17 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | O filho do vento | 13 | 2.395 | 03/15/2010 - 14:56 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O refúgio de D. Dinis | 1 | 2.714 | 03/05/2010 - 12:08 | Portuguese | |
Poesia/Love | A dança dos amantes | 1 | 2.569 | 03/05/2010 - 02:05 | Portuguese |
Comments
Re: Continuo sentado à varanda
João :-)
E se alguém no entanto me ligar é porque pensa
Que ainda existo junto ao telefone, onde um dia,
Sendo eu, aprendi que não sabia dizer quem era
Ou onde tinha me esquecido de guardar o nome.
AMO, LER OS TEUS POEMAS
AMO A LEVEZA DA TUA ALMA!!!
JAMAIS, DEIXAREI DE TE LER!!!
GRANDE, ABRAÇO DA AMIGA!
mm
Re: Continuo sentado à varanda
Choro porque acabei de saber de como se
Morria sentado à varanda, enquanto um
Silêncio corre pelos rubros telhados fora e
Me devolve um abraço do tamanho do medo.
Olá João
Todo o poema, é esplêndido. Em todos os momentos descritos há muito a reter, como se quisesses num só momento entrar e sair, e voltar a ser tudo o que foste e o que não pudeste ser, num dado momento
Gostei muito
Beijo
Matilde D'Ônix
Re: Continuo sentado à varanda
Me devolve um abraço do tamanho do medo.
Grandes versos!!!
Uma espera que nos mata!!!!
:-)
Re: Continuo sentado à varanda
Olá João,
Senti saudades tuas!
por vezes temos de nos perder para depois nos encontrar com forças redobradas, um sorriso nos lábios, e o poder de escrever como tu...palavras sentidas q expressão momento difíceis de ultrapassar mas, ultrapassáveis só temos de acreditar q conseguimos:)
Beijinhos
I
Re: Continuo sentado à varanda
A tua escrita tem sempre uma particularidade estranha,
emociona-me.
Quantas vezes ressuscitamos para morrer de novo?
Um poema tocante com a marca indelével da tua
sensibilidade.
Beijo
Vóny Ferreira
Re: Continuo sentado à varanda
"Que apenas existo na minha saudade, que de tempos
A tempos reconheço no vago aroma de uma cevada
E numa foto que guardo no bolso das calças e de onde
Lamento ter saído."
Adorei, adoro a tua originalidade e estética na escrita.
És fantástico.
Grande abraço.
Adoro ler-te.
Re: Continuo sentado à varanda
A CERTA ALTURA TODOS NOS PERDEMOS DE NÓS...ESQUECEMO-NOS DE QUEM SOMOS...PERDEMO-NOS NUMA VIDA QUE NÃO FOI A QUE SONHÁMOS. E TODOS NÓS UM DIA PARAMOS Á ESPERA DE SABER ONDE ESTÁ ESSE EU DE QUE TEMOS SAUDADES E QUEREMOS DE VOLTA.
ENCONTRAMO-NOS QUANDO FINALMENTE DESCOBRIMOS QUE NÃO NOS PERDEMOS...APENAS ERRÁMOS O CAMINHO E ANDÁMOS A VAGUEAR POR AÍ...