Colar boca a boca - Soltar boca da boca
Fecham-se as portas
E mundos estreitos tilintam luzentes
Letras de veementes vidas que morrem,
Mortes que vivem...
Psiu!
Espumas dizem bolhas em bocas brancas
Explodem em vapores refrescantes.
Limpamos o gosto salgado do choro
Da mancha, manchamos sentidos.
Tocam-se dedos de insultos...
Suor soa e sua cansaço.
Tem angústia tentando arrombar trincas
Mais uma vez há tentativa de sobrevivência
Põe-se sentido nas vozes, expressões e olhares,
Mas de repente o silêncio volta ao nada
Sons repetem gestos e visões
Manhãs são portões
Que prendem no passado o que foi:
E ainda pensar nas coisas contrárias...
Nas tardes que são mãos
E que matam manhãs envelhecidas.
Delícias de toques brincam com pensamentos
Que no fim mudam de temperamento
Tornando-se o carrasco do capuz da maldade
Torturando feridas já tapadas
Que enfim... sempre abrem-se
Os joelhos não obedecem pernas
Nem pernas obedecem medulas
Qual nome ainda é nome?
Qual ser ainda é ser...
Se somos línguas corridas em vozes fugidias?
Qual verdade ainda é verdade?
Qual desejo ainda é desejo...
Se enxergamos o que sonhamos?
E sonhamos!
E somente sobressaltamos
A vontade de ainda não ser
O que somos.
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Poesia :
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Comments
Re: Colar boca a boca - Soltar boca da boca
Qual verdade ainda é verdade?
Qual desejo ainda é desejo...
Se enxergamos o que sonhamos?
E sonhamos!
E somente sobressaltamos
A vontade de ainda não ser
O que somos.
Como sempre os teus poemas, são para ir lendo e relendo devagar. Sentir que caimos em cada passagem e já nada resta quando levantamos os olhos para o céu. Se ao menos um registo ficasse, um nome para contar a história, aí seríamos a bem aventurança, ao encontro do que nos gerou e criou e não andaríamos às voltas sem saber quem somos. Tudo muda e nessa mudança em vez de nos encontrarmos, afastamo-nos cada vez mais.
Os teus poemas são muito mais do que o que se lê, representam a força, o pulsar da vida que há em ti e eu adoro ler-te,
Beijos
Matilde D'Ônix
Re: Colar boca a boca - Soltar boca da boca
Alcantra :-)
Fantástico, poema.
Muito bom mesmo!!!
Abraço-luz...
mm
Re: Colar boca a boca - Soltar boca da boca
Delícias de toques brincam com pensamentos
Que no fim mudam de temperamento
Tornando-se o carrasco do capuz da maldade
Torturando feridas já tapadas
Que enfim... sempre abrem-se...
Mais um excelente poema que encontro no WAF!
:-)