Colar boca a boca - Soltar boca da boca

Fecham-se as portas
E mundos estreitos tilintam luzentes
Letras de veementes vidas que morrem,
Mortes que vivem...

Psiu!
Espumas dizem bolhas em bocas brancas
Explodem em vapores refrescantes.
Limpamos o gosto salgado do choro
Da mancha, manchamos sentidos.

Tocam-se dedos de insultos...
Suor soa e sua cansaço.

Tem angústia tentando arrombar trincas

Mais uma vez há tentativa de sobrevivência

Põe-se sentido nas vozes, expressões e olhares,
Mas de repente o silêncio volta ao nada
Sons repetem gestos e visões

Manhãs são portões
Que prendem no passado o que foi:
E ainda pensar nas coisas contrárias...
Nas tardes que são mãos
E que matam manhãs envelhecidas.

Delícias de toques brincam com pensamentos
Que no fim mudam de temperamento
Tornando-se o carrasco do capuz da maldade
Torturando feridas já tapadas
Que enfim... sempre abrem-se

Os joelhos não obedecem pernas
Nem pernas obedecem medulas

Qual nome ainda é nome?
Qual ser ainda é ser...
Se somos línguas corridas em vozes fugidias?

Qual verdade ainda é verdade?
Qual desejo ainda é desejo...
Se enxergamos o que sonhamos?
E sonhamos!
E somente sobressaltamos
A vontade de ainda não ser
O que somos.

Submited by

Sábado, Marzo 27, 2010 - 00:21

Poesia :

Sin votos aún

Alcantra

Imagen de Alcantra
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 10 años 3 semanas
Integró: 04/14/2009
Posts:
Points: 1563

Comentarios

Imagen de ÔNIX

Re: Colar boca a boca - Soltar boca da boca

Qual nome ainda é nome?
Qual ser ainda é ser...
Se somos línguas corridas em vozes fugidias?

Qual verdade ainda é verdade?
Qual desejo ainda é desejo...
Se enxergamos o que sonhamos?
E sonhamos!
E somente sobressaltamos
A vontade de ainda não ser
O que somos.

Como sempre os teus poemas, são para ir lendo e relendo devagar. Sentir que caimos em cada passagem e já nada resta quando levantamos os olhos para o céu. Se ao menos um registo ficasse, um nome para contar a história, aí seríamos a bem aventurança, ao encontro do que nos gerou e criou e não andaríamos às voltas sem saber quem somos. Tudo muda e nessa mudança em vez de nos encontrarmos, afastamo-nos cada vez mais.

Os teus poemas são muito mais do que o que se lê, representam a força, o pulsar da vida que há em ti e eu adoro ler-te,

Beijos

Matilde D'Ônix

Imagen de mariamateus

Re: Colar boca a boca - Soltar boca da boca

Alcantra :-)

Fantástico, poema.

Muito bom mesmo!!!

Abraço-luz...

mm

Imagen de Henrique

Re: Colar boca a boca - Soltar boca da boca

Delícias de toques brincam com pensamentos
Que no fim mudam de temperamento
Tornando-se o carrasco do capuz da maldade
Torturando feridas já tapadas
Que enfim... sempre abrem-se...

Mais um excelente poema que encontro no WAF!

:-)

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Alcantra

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Amor Soma de poemas 5 2.688 02/27/2018 - 11:09 Portuguese
Poesia/General Abismo em seu libré 0 3.097 12/03/2012 - 23:35 Portuguese
Poesia/General Condado vermelho 0 3.549 11/30/2012 - 21:57 Portuguese
Poesia/General Ois nos beijos 1 2.577 11/23/2012 - 10:08 Portuguese
Poesia/General Dores ao relento 0 2.815 11/13/2012 - 20:05 Portuguese
Poesia/General Memórias do norte 1 1.992 11/10/2012 - 18:03 Portuguese
Poesia/General De vez tez cromo que espeta 0 3.095 11/05/2012 - 14:01 Portuguese
Poesia/General Cacos de teus átomos 0 2.441 10/29/2012 - 09:47 Portuguese
Poesia/General Corcovas nas ruas 0 2.923 10/22/2012 - 10:58 Portuguese
Poesia/General Mademouselle 0 2.271 10/08/2012 - 14:56 Portuguese
Poesia/General Semblantes do ontem 0 2.167 10/04/2012 - 01:29 Portuguese
Poesia/General Extravio de si 0 2.881 09/25/2012 - 15:10 Portuguese
Poesia/General Soprosos Mitos 0 3.435 09/17/2012 - 21:54 Portuguese
Poesia/General La boheme 0 3.177 09/10/2012 - 14:51 Portuguese
Poesia/General Mar da virgindade 2 2.311 08/27/2012 - 15:26 Portuguese
Poesia/General Gatos-de-algália 0 3.163 07/30/2012 - 15:16 Portuguese
Poesia/General Vidas de vidro num sutil beijo sem lábios 2 2.445 07/23/2012 - 00:48 Portuguese
Poesia/General Vales do céu 0 2.347 07/10/2012 - 10:48 Portuguese
Poesia/General Ana acorda 1 2.708 06/28/2012 - 16:05 Portuguese
Poesia/General Prato das tardes de Bordô 0 2.489 06/19/2012 - 16:00 Portuguese
Poesia/General Um sonho que se despe pela noite 0 2.706 06/11/2012 - 13:11 Portuguese
Poesia/General Ave César! 0 3.056 05/29/2012 - 17:54 Portuguese
Poesia/General Rodapés de Basiléia 1 2.490 05/24/2012 - 02:29 Portuguese
Poesia/General As luzes falsas da noite 0 2.903 05/14/2012 - 01:08 Portuguese
Poesia/General Noites com Caína 0 2.396 04/24/2012 - 15:19 Portuguese