As pedras não voam
Tens um sonho e és uma pedra, uma pedra…que voa (digamos).
Mas as pedras não voam, quando muito são atiradas ao ar,
E tu cais, como caem as pedras que não voam.
E nesse sonho sonhas que és pedra e que tens asas,
E não precisas de nenhuma mão para poder voar.
Mas…a vida nesse sonho é uma mão, a felicidade é uma mão,
O amor também é uma mão, tudo o que gostas é uma mão,
E agora não tens nem uma porque voas e não precisas de mãos.
(Só um aparte para que se perceba o sonho)
Nesse sonho tudo o que é bom é uma mão de cinco dedos,
Um que apanha, outro que fecha, um outro que aperta, um que
Balança e ainda outro que liberta…uma mão mesmo completa.
(Vamos lá então)
Mas na realidade do sonho não voas, és atirado, e acabas sempre por cair,
Numa árvore, numa relação, num emprego, na bebida ou no chão
Com outras pedras que não voam mas que caem, umas mais à frente,
Outras mais atrás, outras mais aonde já estavam mas um nada ao lado.
(Vamos chamar-lhes de ninhos, mesmo sabendo que as pedras não voam)
E de ninho em ninho vais caindo, não a voar porque és pedra,
E vais caindo, e chorando, porque as pedras choram mas não voam,
Mas choram porque querem voar e não conseguem, e caem.
E no meio disto tudo já não sonhas, já estavas acordado
E não voas como as pedras que não voam, mas choras
Como elas porque querias voar e não consegues, e puxas
Do cobertor como as pedras puxam da erva para tapar as lágrimas.
E a noite passa e tu não te mexes, e não voas, e cais em qualquer
Coisa que não sabes até ser de manhã onde uma mão vem da janela
Com o sol pelos dedos e te atira de novo ao ar aonde não voas
Para caíres noutra coisa que não sabes… (ufa!)
E afinal és uma pedra, e cais sempre onde tens de cair,
E choras como as pedras que não voam mas que choram (sempre).
Este saiu da loucura dos dedos :-)
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Comments
Re: As pedras não voam
Meu amigo João :-)
Que arrasoooooo!!!!!!!!!!!!
Parabéns!
Saudades de te ler, e ler!
Beijo com carinho!...........
Tua amiga!
mm
Re: As pedras não voam
João, como é possível q tenha perdido este poema teu?
Este esta tão bom, sabias?
Fantástica a ideia q usas para exprimir o teu sensível e belo ponto de vista, as pedras não voam, pois não, mas as vezes são mesmo projectadas por nós, ou contra nós e fazem vitimas q caem como as pedras, q sao pedras, ou gestos ou palavras!
Vou favorita-lo e chicotear-me ali pro canto por ter deixado escapar este!
Beijinho tao grande em ti!
Inês
Re: As pedras não voam
Meu amigo João,
Que belíssimo texto! Que meditação linda...
Queremos, João, queremos muito voar, mas somos pedras... e às vezes sonhamos que somos pássaros e podemos voar. Neste momento, é um sonhar delicioso, que às vezes nos faz esquecer que somos pedras.
Um beijo grande.
Re: As pedras não voam
Gostei muito de tua meditação, pois é uma meditação a se meditar.
Tem muitos segredos, e a cada leitura mais tua meditação se revela e se mostra em turbilhão de sentidos.
Parabens!!!
Re: As pedras não voam
E tu cais, como caiem as pedras que não voam.
Soberbo, adorei o contexto e gostei bastante da construção, um tom de alerta para a vida em movimento em nosso redor!!!
:-)
Re: As pedras não voam
João, querido poeta!!!!
E que pedrada meu querido eu levei/fiquei ao ler-te!!!!
Tu dizes que te saiu da loucura dos dedos eu digo que os dedos deram forma (mesmo sendo pedra) á loucura das tuas palavras...eu digo: é na minha loucura que eu encontro sanidade...
Bem hajas querido João por continuares a dar-me um imenso prazer ao ler-te...
Um beijo enorme...vou actualizar-me nos teus escritos... ;-) ;-)
Re: As pedras não voam
Belíssimo poema, profundo, que faz pensar no significado da própria vida e nos sonhos, metas, amores.
Um grande prazer em te ler
Abraço
Re: As pedras não voam
Que belo poema!
Os sonhos desmascaram todos os impossíveis, João.
Beijo, meu querido
Adoro ler-te
Vóny Ferreira
Re: As pedras não voam
Texto gracioso e inteligente, embora meu querido, minhas pedras não apenas choram, como também voam...Abraços
Re: As pedras não voam
Olá João:)
Sim, as pedras não voam na realidade e nos sonhos? E nós voamos q nem uma pedra ou somos atirados ao ar e caimos de pernas p o ar? Entre pedras preciosas aquelas as dos teus poemas me despeço:)
Beijinhos
I