SOL DE INVERNO

Era plácido
o convite da loucura
que afastava a neblina do peso do meu corpo.

Violei o meu ego
através da minha janela tímida sem paisagens.

Senti satisfações,
intocadas pelo vício
de prazer desprovido de sentido.

Chorei lágrimas francas
para apanhar o comboio de um Sol de Inverno.

Volta e meia,
pedaços de mim chegavam ao fim
das viagens que nunca cheguei a inaugurar em mim.

Com meios
sorrisos de despedida
para um sítio salvaguardado no tempo.

Tudo era um de repente
que esperava irracional num pulo para nenhures.

Algures perturbado
pelo desalento nunca inocente
das frases interiores ditas em vão.

Abri clareiras sonolentas
na poltrona de veludo de um absurdo,
espreitado pelo vento que despe toda a minha verdade.

Emoções zumbidas
na embriaguez do meu equilíbrio
foram mil e uma suspeitas da liberdade.

Não me cansa
escavar instintivamente
as elites das minhas vontades preguiçosas,
com quem danço no baile de ir embora para não sei onde.

Sou o custo
da algazarra semeada
na intimidade com o passado,
dispersado em toneladas de vazio
rasgado por trapalhadas idas e voltas da juventude.

Submited by

Wednesday, July 28, 2010 - 15:08

Poesia :

No votes yet

Henrique

Henrique's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 10 years 8 weeks ago
Joined: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Comments

cecilia's picture

Re: SOL DE INVERNO

Henrique,
Faz com que entremos em uma cortina temporal reflectindo o que de fato fizemos para mudar quem hoje somos.

Linda viajem da alma.

Abraço.

Cecilia Iacona

Add comment

Login to post comments

other contents of Henrique

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Thoughts DA POESIA 1 9.956 05/26/2020 - 23:50 Portuguese
Videos/Others Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 53.583 06/11/2019 - 09:39 Portuguese
Poesia/Sadness TEUS OLHOS SÃO NADA 1 9.729 03/06/2018 - 21:51 Portuguese
Poesia/Thoughts ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 11.826 02/28/2018 - 17:42 Portuguese
Poesia/Thoughts APALPOS INTERMITENTES 0 10.359 02/10/2015 - 22:50 Portuguese
Poesia/Aphorism AQUILO QUE O JUÍZO É 0 12.072 02/03/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Thoughts ISENTO DE AMAR 0 9.669 02/02/2015 - 21:08 Portuguese
Poesia/Love LUME MAIS DO QUE ACESO 0 10.580 02/01/2015 - 22:51 Portuguese
Poesia/Thoughts PELO TEMPO 0 8.730 01/31/2015 - 21:34 Portuguese
Poesia/Thoughts DO AMOR 0 8.360 01/30/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SENTIMENTO 0 8.408 01/29/2015 - 22:55 Portuguese
Poesia/Thoughts DO PENSAMENTO 0 10.862 01/29/2015 - 19:53 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SONHO 0 7.700 01/29/2015 - 01:04 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SILÊNCIO 0 8.585 01/29/2015 - 00:36 Portuguese
Poesia/Thoughts DA CALMA 0 9.160 01/28/2015 - 21:27 Portuguese
Poesia/Thoughts REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 6.913 01/27/2015 - 22:48 Portuguese
Poesia/Thoughts MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 10.647 01/27/2015 - 16:59 Portuguese
Poesia/Aphorism NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 8.321 01/26/2015 - 20:44 Portuguese
Poesia/Thoughts SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 9.323 01/25/2015 - 22:36 Portuguese
Poesia/Thoughts MIGALHAS DE SAUDADE 0 9.326 01/22/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Thoughts ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 7.721 01/21/2015 - 18:00 Portuguese
Poesia/Thoughts PALAVRAS À LUPA 0 7.536 01/20/2015 - 19:38 Portuguese
Poesia/Thoughts MADRESSILVA 0 6.802 01/19/2015 - 21:07 Portuguese
Poesia/Thoughts NA SOLIDÃO 0 10.161 01/17/2015 - 23:32 Portuguese
Poesia/Thoughts LÁPIS DE SER 0 10.050 01/16/2015 - 20:47 Portuguese