DINHEIRO, O PERFUME DA PORQUIDÃO


Paralelepípedos desfasados
decompõem os bons dos maus.

Eles são facas, eles são carnes.

Balanças vazias
enviúvam o peso da água
entre inocentes e culpados.

Eles são suspiros, eles são gritos.

Triângulos lastrados de mau juízo
sentenciam os vícios dos puros e dos impuros.

Eles são presas, eles são caça.

Círculos impessoais sondam
as vertigens dos santos e dos pecadores.

Eles são luzes, eles são escuros.

Quadrados desarticuladamente vitupérios,
encaixilham o imaginário do começo e do fim.

Eles são ventos, eles são pedras.

Pirâmides de remorso ambíguo
tremulam ancoradas entre perdão e vingança.

Eles são água, eles são azeite.

Esferas trágicas
invertem a última palavra
entre o ser diabólico e o ser divino.

Eles são alfaiates, eles são alfinetes.

Espólios fulgentes
centrifugam-se na apoquentação da alma
entre o odor do dinheiro e o perfume da porquidão.

Eles são sofisma, eles são cidade.
 

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Monday, May 30, 2011 - 17:35

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