SILÊNCIOS & SOMBRAS


Luzes lidas, idas em cruzes credo.

Descruzadas do sim amadurecido cedo,
vertido em tom de luzeiros a medo.

Madeiros aprumados a negro,
finados de vida que passa ao longe, no mar.

Caligrafias paridas da voz,
mãe de partidas frias sem foz, lugar de beijo em dor.

Colo de tão pouco, de tão rouco cantar louco.

Erradamente
nos subúrbios da metáfora,
esbatem ondas ténues, obscenas.

Dentro de si sem penas,
o vazio perfilha formas absurdas,
fôlegos de almas afastadas do psico-ser.

Trilha estreita em paralelo.

Omnipresentes ausências
como que grainhas na boca, alfineto de perdição.

Milha afunilada à ilha da ilusão.

Porão de movimentos em vão,
ideia sem pão numa desculpa esfarrapada em não.

Mão aberta em escrita incerta numa folha de papel,
branco despovoado.

Aplauso à proa do fel,
ilustrado num momento de despedida.

Amazónia despida nos olhos, desfeita em vez perfeita
na ruga da imagem que cavalga a paisagem.

Fantasma de saia assediada pela mecânica das horas.

Alicerces de razão,
orgia de algarismos sem número, fórmulas mulas.

Empatias teimosas,
cumplicidades gulosas, descontinuadas.

Minúcias de ódio,
dilemas sentidos sem pódio, desencantados.

Silêncios e sombras,
pedras e águas sem ponte, o verso a monte.

Circuncidado do verbo mudo, o sexo de tudo.
 

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Tuesday, June 7, 2011 - 18:23

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Henrique

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