Como morre um Rei de palha...

De futilidades e empatias tenho a aorta cheia,
Mas quando o céu morre e o frio se torna cinza,
Cai em mim um véu, que é mais magro que o cio
E do que o altar vazio - o mote de acabar o dia -

Se pudesse retiraria o coração amanhã e pela frente,
Para de repente, voltar a ser gente que nem fui,
Foi-me retirado pelas costas, por ironia e pela
Folha de um punhal estranho, de ferrolho velho,

Virei depois saldar as minhas dívidas de jogo,
Desde as bem maiores às mais mínimas,
Que a fé na sorte faz esquecer, Orixá me perdoe,
Pois nem outro vício tenho, jogo de manhã,

Até à calada da noite, amanhã cedo não haverá magia,
Nem nos reconhecermos, tampouco nos perceberemos,
Somos simples corações humanos, postumamente
Criados por um Senhor morto sem pressa,

Com a clarividência de um Sultão da Pérsia nado-morto,
Deposto pela simpatia de um fraco e gordo, inútil
Até ao sobrolho e sobre ele todo, disse-me que morrerei
Só, que é como morre um rei de palha, em pó...

Jorge Santos 12/2019
http://namastibetpoems.blogspot.com

Submited by

Miércoles, Enero 8, 2020 - 12:50

Ministério da Poesia :

Su voto: Nada Promedio: 5 (1 vote)

Joel

Imagen de Joel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 2 semanas 2 días
Integró: 12/20/2009
Posts:
Points: 42103

Comentarios

Imagen de Joel

Obrigado pela leitura e pelos momentos em que partilho

Obrigado pela leitura e pelos momentos em que partilho

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Joel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/General Sombras no nevoeiro 0 3.689 02/16/2013 - 21:59 Portuguese
Poesia/General o dia em que o eu me largou 2 1.792 12/30/2011 - 12:24 Portuguese
Poesia/General ciclo encerrado 0 3.225 03/11/2011 - 22:29 Portuguese
Ministério da Poesia/General gosto 0 4.383 03/02/2011 - 15:29 Portuguese
Poesia/General A raiz do nada 0 2.592 02/03/2011 - 20:23 Portuguese
Poesia/General Tão íntimo como beber 1 1.273 02/01/2011 - 22:07 Portuguese
Poesia/General Gosto de coisas, poucas 0 3.025 01/28/2011 - 17:02 Portuguese
Poesia/General Luto 1 4.134 01/15/2011 - 20:33 Portuguese
Poesia/General Não mudo 0 2.840 01/13/2011 - 12:53 Portuguese
Prosas/Lembranças Cruz D'espinhos 0 8.926 01/13/2011 - 11:02 Portuguese
Prosas/Contos Núri'as Ring 0 4.690 01/13/2011 - 11:01 Portuguese
Poesia/Fantasía Roxxanne 0 4.305 01/13/2011 - 11:00 Portuguese
Poesia/General Oração a um Deus Anão 0 6.244 01/13/2011 - 10:58 Portuguese
Prosas/Saudade O-Homem-que-desenhava-sombrinhas-nas-estrelas 0 4.286 01/13/2011 - 10:57 Portuguese
Poesia/General O fim dos tempos 0 5.043 01/13/2011 - 10:52 Portuguese
Poesia/General Terra á vista 1 2.619 01/13/2011 - 01:13 Portuguese
Prosas/Lembranças sete dias de bicicleta pelo caminho de Santiago francês 0 9.166 01/12/2011 - 23:58 Portuguese
Poesia/General Não sei que vida a minha 1 1.762 01/12/2011 - 21:04 Portuguese
Poesia/General o céu da boca 0 4.413 01/12/2011 - 15:50 Portuguese
Poesia/General Dispenso-a 0 2.390 01/12/2011 - 15:38 Portuguese
Poesia/General estranho 0 4.509 01/12/2011 - 15:36 Portuguese
Poesia/General comun 0 4.211 01/12/2011 - 15:34 Portuguese
Poesia/General desencantos 0 2.241 01/12/2011 - 15:30 Portuguese
Poesia/General Solidão não se bebe 1 3.298 01/12/2011 - 02:11 Portuguese
Poesia/General Nem que 3 2.889 01/11/2011 - 10:39 Portuguese